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sábado, 23/11/24
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Apesar de salto em itens básicos, inflação desacelera para 0,24% em agosto

Item de maior peso nos preços do mês foi a gasolina, que fez o grupo Transportes subir 0,82%. Em 2º lugar, veio Alimentação e Bebidas (0,78%), diz o IBGE

“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. (Dercílio / Saúde/Divulgação)

A inflação no Brasil ficou em 0,24% em agosto, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Maior para o mês desde 2016, o índice desacelerou em relação a julho, quando havia ficado em 0,36%, também no maior nível em quatro anos.

No acumulado do ano, a taxa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 0,70%, enquanto nos últimos 12 meses é de 2,44%.

O centro da meta oficial de inflação para 2020 é de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (5,5%) ou menos (2,5%).

Altas e baixas

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta em agosto. O item de maior peso nos preços de foi a gasolina, que fez os Transportes subirem 0,82%. Em segundo lugar, vem Alimentação e Bebidas (0,78%). (Veja tabelas abaixo).

A alta nos preços de itens básicos para a alimentação do brasileiro, como arroz e feijão, influencia na percepção de inflação nas gôndolas dos mercados, destaca o instituto.

“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, destaca Pedro Kislanov no material de divulgação do IPCA.

Os alimentos para consumo no domicílio avançaram 1,15% em agosto, influenciados princialmente pelo tomate (12,98%), o óleo de soja (9,48%), o leite longa vida (4,84%), as frutas (3,37%) e as carnes (3,33%), segundo o instituto.

A alimentação fora do domicílio, por outro lado, segue em queda, com variação negativa no mês (-0,11%), embora menor do que a registrada em julho (-0,29%).

Gráfico - IBGE - 2020-9-9
Gráfico – IBGE – 2020-9-9 (IBGE/Divulgação)

Na parte das baixas, o grupo Educação segurou os preços médios de agosto com a maior variação negativa (-3,47%), em função de descontos em mensalidades praticados pelas empresas educacionais durante o período de isolamento, explica o IBGE:

“Os preços dos cursos regulares recuaram 4,38%, sendo que maior queda foi observada na pré-escola (-7,71%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,84%), pela educação de jovens e adultos (-4,80%) e pelas creches (-4,76%)”, diz o instituto.

Efeito coronavírus

A trajetória dos preços nos últimos meses vem sendo impactada pela pandemia, que ocasionou um choque de oferta e demanda no mundo todo. O principal efeito desse movimento é deflacionário de forma geral, mas os itens considerados essenciais seguiram com os preços pressionados. Esse padrão foi sentido sobretudo no Brasil, nos Estados Unidos e na Zona do Euro, como observa Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

“A inflação acelerou em itens cuja demanda durante a pandemia foi mais forte, como foi o caso de alimentos, artigos para casa e itens de higiene pessoal. Por outro lado, desacelerou, em alguns casos até para deflação, em itens mais sensíveis à dinâmica do vírus e cuja a demanda ainda está deprimida (ex: alimentação fora do domicílio, vestuário e turismo)”, diz.

Por conta dos efeitos extraordinários trazidos pela pandemia, a expectativa geral é que os preços pressionados voltem ao normal gradativamente. “Adiante, esperamos que a inflação dos itens mais afetados pela pandemia aos poucos retorne à sua trajetória anterior, embora tal movimento potencialmente seja mais lento nos itens negativamente afetados do que nos
positivamente afetados pela pandemia”, diz a economista.

Para a consultoria 4E, a expectativa é que a recuperação dos preços internacionais do petróleo, e a recomposição da demanda chinesa por carnes continuem a impactar os preços ao consumidor no curto prazo. “Ainda assim, para 2020, acreditamos que o IPCA se encerre abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação”, diz.

Grupos Variação julho (%) Variação agosto (%)
Índice Geral 0,36 0,24
Alimentação e bebidas 0,01 0,78
Habitação 0,80 0,36
Artigos de residência 0,90 0,56
Vestuário -0,52 -0,78
Transportes 0,78 0,82
Saúde e cuidados pessoais 0,44 0,50
Despesas pessoais -0,11 -0,01
Educação -0,12 -3,47
Comunicação 0,51 0,67

 

Grupos Impacto julho (p.p.) Impacto agosto (p.p.)
Índice Geral 0,36 0,24
Alimentação e bebidas 0,00 0,15
Habitação 0,13 0,05
Artigos de residência 0,03 0,02
Vestuário -0,02 -0,03
Transportes 0,15 0,16
Saúde e cuidados pessoais 0,06 0,07
Despesas pessoais -0,01 0,00
Educação -0,01 -0,22
Comunicação 0,03 0,04

 

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