Advogado afirmou que pagamentos recebidos se referiam a palestras. Nesta segunda, MPF apresentou nova denúncia contra Lula na Lava Jato.
O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, afirmou nesta segunda-feira (10), após nova denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), que o petista não participa das decisões do BNDES e que os pagamentos que ele recebeu se referiam à realização de palestras.
Nesta segunda, o MPF apresentou à Justiça nova denúncia, segundo a qual Lula atuou junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) “e outros órgãos de Brasília” para favorecer a Odebrecht em empréstimos para obras de engenharia realizadas em Angola. Em troca, segundo o MPF, a empreiteira pagou aos envolvidos valores que, atualizados, chegam a R$ 30 milhões.
“O que eu posso neste momento dizer é que as decisões do BNDES, como todos sabem, são decisões colegiadas. O presidente da República não participa das decisões colegiadas tomadas pelo BNDES”, afirmou Zanin. “No tocante às palestras feitas pelo ex-presidente Lula, estão todas documentadas, foram realizadas. Os contratos que ele celebrou foram cumpridos, e os pagamentos decorrem das palestras que ele realizou”, completou.
Relação com o sobrinho Taiguara
Segundo os investigadores do MPF, a empresa Exergia Brasil, de Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho de Lula, apesar de não ter qualquer experiência no ramo de engenharia, fechou 17 contratos para prestação de serviços “complexos” para a Odebrecht em obras em Angola. Na denúncia, o MPF afirma que Lula supervisionou todo o processo de captação de contratos por Taiguara junto à Odebrecht e que ele aconselhou o sobrinho sobre os negócios.
O advogado de Lula disse que não há “qualquer interferência, participação ou mesmo ciência do ex-presidente Lula no tocante as atividades do senhor Taiguara”.
Além a denúncia desta segunda-feira, Lula é réu em dois processos (um no Paraná e outro no Distrito Federal) e investigado em dois inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, todos relacionados à Operação Lava Jato.
Outra denúncia
Cristiano Zanin também apresentou nesta segunda, em São Paulo, quatro peças que compõem a defesa do petista referente adenúncia de 14 de setembro. Além de responder a acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF), as peças pedem para tirar do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato em primeira instância, as ações contra o ex-presidente. O pedido também é para afastar investigadores da Lava Jato
As peças apresentadas nesta segunda não tratam da denúncia feita mais cedo, mas somente sobre a que foi apresentada em 14 de setembro. Na ocasião, o MPF informou considerar que Lula era o “comandante máximo” do esquema investigado pela Lava Jato.
De acordo com a defesa de Lula, as peças protocoladas desmontam a tese propagada por membros da Operação Lava Jato de que há um “gigantesco conjunto de provas”, especialmente contra o ex-presidente, que embasariam e justificariam a denúncia apresentada em 14 de setembro.
“O que se evidencia é um processo sensacionalista e espetaculoso que aniquila a garantia de presunção de inocência e no qual é nítida a violação ao contraditório e à ampla defesa, restando ecidente o abuso de poder de percução estatal”, diz o pedido de Lula.