A espécie, que não é nativa, já devastou uma área equivalente ao dobro da área total de Buenos Aires, cerca de 406,6 metros quadrados, aproximadamente
Autoridades da Argentina pretendem abater os 100.000 castores que estão roendo e derrubando as árvores da província de Terra do Fogo, no extremo sul da Patagônia. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira pelo Ministério do Meio Ambiente argentino. Os animais já destruíram uma área de bosques equivalente ao dobro do tamanho da cidade de Buenos Aires, cerca de 406,6 metros quadrados, aproximadamente.
A espécie não é nativa da região e foi introduzida pela Marinha da Argentina em 1946. Cerca de vinte castores trazidos do Canadá foram soltos na província para fomentar a indústria de produtos fabricados com a pele deles. Porém, os habitantes locais não aderiram à ideia de produção e o ambiente tornou-se propício para a reprodução dos castores. Sem predadores naturais, como ursos e lobos, e com uma floresta inteira para se alimentarem, os animais se multiplicaram depois de 70 anos.
“Eles podem derrubar uma pequena árvore em poucas horas e uma grande em dias. Estamos falando de árvores que têm 100 ou 150 anos e elas não voltam a crescer”, disse Erio Curto, diretor de conservação da Terra do Fogo.
A primeira parte é um teste que pretende erradicar entre 5.000 e 10.000 castores. Essa fase será principalmente realizada para os pesquisadores calcularem o tempo e o custo do plano. Alguns cálculos iniciais feitos pelos responsáveis mostram que pode levar de 10 a 15 anos para matar todos os animais. O projeto conta com a participação da WWF da Argentina e o apoio financeiro da Organização das Nações Unidas (ONU).
O alerta de que a população de castores tinha passado do controle foi em 1994, quando as autoridades não conseguiram fazer a população adentrar a mata para caçar os animais e viram um animal vivendo fora da Terra do Fogo, o que deixou o governo local alerta para um possível crescimento desenfreado da espécie. O castor foi declarado como “espécie nociva e prejudicial” em 2006.
A Terra do Fogo fica no limite entre a Argentina e o Chile, então os países assinaram um acordo binacional para a erradicação dos castores em 2008. Desde então, estão montando uma equipe e atualmente o grupo tem dez pessoas, entre caçadores, biólogos e ambientalistas, preparadas para permanecer na mata por vários dias e com aptidão para montar armadilhas.
“Os castores são mais um exemplo da introdução de animais exóticos em nosso país, com fins econômicos, de entretenimento ou controle de pragas, que geram um grave problema de preservação”, afirmou Manuel Jaramillo, diretor de Conservação da WWF, em entrevista à versão argentina do EL PAÍS.
Destruição
A vegetação devastada na Terra do Fogo pelos castores é chamada de Mata de Galeria e ela forma corredores de árvores ao longo dos rios e nas áreas úmidas e frias, similar ao ambiente de onde os animais foram retirados, no Canadá. O que difere são as árvores que compõem a região do Hemisfério Norte. Os salgueiros canadenses voltam a nascer quando são roídos pelos castores, o que é uma forma de sobrevivência e evolução por conviverem com a espécie a milhares de anos.
A população da província tem uma relação de amor e ódio com os roedores. A principal atração turística da região é o Cerro Castor ( Colina do Castor, em português), uma estação de esqui famosa na Argentina e carne do castor também pode ser encontrada em vários restaurantes da ilha. Porém a espécie também gosta de roer as pontes de madeira e são potenciais transmissores de doenças para os seres humanos.