A quatro dias das eleições, o Governo do Distrito Federal (GDF) abriu 20 leitos de internação do Bloco 2 do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB), que representam apenas 10% da capacidade. Como está em campanha, o governador do Distrito Federal e candidato à reeleição ao Palácio do Buriti, Rodrigo Rollemberg (PSB), não compareceu ao evento.
A inauguração nesta quarta-feira (3/10) ocorre três meses após a entrega da obra do Bloco 2. Na área de saúde, o Hospital da Criança, especializado em tratamento de câncer, é uma das principais vitrines da campanha do governador Rollemberg. É sempre citado pelo socialista como sendo modelo de atendimento, assim como o Instituto Hospital de Base (IHB), motivo de crítica dos adversários.
Questionado sobre o o GDF não ter esperado para abrir os leitos depois das eleições, o secretário de Casa Civil, Sérgio Sampaio, disse que o Executivo tinha que cumprir etapas. “Queríamos ter feito há mais tempo. Mas existem fases necessárias, desde a entrega das instalações físicas até o funcionamento efetivo. Este é um legado que deixamos para a sociedade do DF”, destacou.
O Bloco 2 do Hospital da Criança tem dois pavimentos erguidos em uma área de 22 mil metros quadros, 67 consultórios ambulatoriais, 202 leitos, centros cirúrgico e de diagnóstico, laboratórios de análise clínica e hematologia, unidade administrativa, área de apoio e um centro de ensino e pesquisa.
“Esse é um hospital de excelência que nasceu de um sonho da sociedade civil e passou a ser um sucesso a partir do modelo de gestão escolhido. Entendemos que seria necessário ampliar o sonho e saímos de um hospital de 18 leitos para 202”, comemorou Sampaio.
Mas o funcionamento pleno ainda demora. Pelo cronograma da Secretaria de Saúde, até novembro deste ano, devem ser abertos mais 100 leitos, que serão transferidos do Instituto Hospital de Base (IHB) para o Hospital da Criança. Em dezembro, a previsão é de outros 50. Para o ano que vem, todos os 202 estarão sendo utilizados pelos pacientes, segundo estima o governo.
“Começamos os testes para que houvesse total segurança e, nessa terça-feira (2), já atendemos os primeiros pacientes”, disse o secretário de Saúde, Humberto Fonseca.
A construção do novo bloco é resultado de uma parceria do GDF com a Organização Mundial da Família (OMF). O Executivo local investiu 106,7 milhões na extensão do hospital que trata crianças com câncer e hemopatias e contou ainda com um aporte de US$ 10,5 milhões da OMF.
O contrato foi assinado em 2012. Em abril deste ano, a inauguração esteve ameaçada por causa da restrição da Justiça à continuidade do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe) na unidade de saúde.
Em declarações públicas na ocasião, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) chegou a classificar a saída do Icipe como uma “tragédia” que colocava em xeque o funcionamento da nova ala. Isso devido à dificuldade de contratar pediatras para a rede pública. “Cheguei a ficar aflito porque não conseguia entender como um hospital gerido tão bem foi questionado por um corporativismo que não pensa no interesse público. Mas nunca desanimei”, disse, em 4 de julho, durante a inauguração do novo bloco.
A Justiça, porém, decidiu manter o Icipe no Hospital da Criança. E o governo conseguiu, dessa forma, inaugurar o Bloco 2 em julho, antes da restrição eleitoral. Por ser de especialidades, a unidade não atende emergências – os pacientes chegam encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS).