Mais de 400 cientistas de 26 instituições de todo o mundo colaboraram no projeto e recolheram dados em 758 noites durante seis anos
Barcelona – Os astrofísicos que participaram do projeto Dark Energy Survey (DES) finalizaram nesta quarta-feira a compilação de dados para mapear com detalhes sem precedentes um oitavo do céu, após seis anos de trabalhos nos quais acumularam dados de mais de 300 milhões de galáxias distantes.
O projeto DES é uma colaboração internacional que começou a mapear uma região do céu de 5 mil graus quadrados de área em 31 de agosto de 2013, com o objetivo de entender a natureza da energia escura, a misteriosa força que está acelerando a expansão do universo.
Os mais de 400 cientistas de 26 instituições de todo o mundo colaboraram no DES e recolheram dados em 758 noites durante seis anos, utilizando o instrumento DECam (Dark Energy Camera), uma câmera digital de 520 Megapixels financiada pelo Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos.
A câmera está montada no telescópio Blanco, de quatro metros, situado no Observatório Interamericano de Colina Tololo, no Chile.
O projeto, liderado pelo Fermilab (Fermi National Accelerator Laboratory) do DOE, já produziu mais de 200 artigos científicos, e ainda publicará muitos mais agora que começará o trabalho de análise dos dados.
As observações durante os seis anos geraram 50 Terabytes (ou seja, 50 milhões de Megabytes) de dados, que estão armazenados no National Center for Supercomputing Applications (NCSA), na Universidade de Illinois, nos EUA.
“DES é o primeiro grande mapeamento de galáxias que estudará em detalhe as propriedades da energia escura. Foi um grande sucesso ter recolhido este enorme e preciso conjunto de dados. Agora resta analisá-los. Talvez contenham o sinal de alguma descoberta importante”, afirmou um dos pesquisadores participantes do projeto, o espanhol Eusebio Sánchez, do Centro de Pesquisas Energéticas, Ambientais e Tecnológicas (CIEMAT, na sigla em espanhol).
Alguns dos resultados científicos de maior destaque obtidos pelo DES até agora são a medida mais precisa da estrutura da matéria escura no universo; a descoberta de muitas novas galáxias anãs, satélites da Via Láctea; a criação do mapa mais exato jamais obtido da matéria escura no universo, e o descobrimento da supernova mais distante conhecida.
“Com a análise de apenas um quinto de seus dados, o DES já conseguiu algumas das medidas cosmológicas mais precisas até o momento. Com a análise de todos os dados nos próximos anos, o DES submeterá o modelo cosmológico em vigor, que assume que a energia escura é causada pela constante cosmológica, proposta e depois descartada por Einstein, ao mais duro teste que jamais enfrentou”, afirmou Ramon Miquel, pesquisador do Instituto de Física de Altas Energias (IFAE).Fonte: Portal Exame