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Aumento das tropas de alta prontidão da OTAN até 300.000: ‘conceito’, mas não realidade

Ao anunciar os planos de colocar 300.000 militares da OTAN em alta prontidão no Leste da Europa, Stoltenberg anunciou números mais relacionados com simbolismo do que com realidade, acredita o colunista do The Washington Post Michael Birnbaum.

Sputnik

Na segunda-feira (27), o secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg anunciou os planos de colocar 300.000 militares em alta prontidão como parte da “maior revisão de nossa defesa e dissuasão coletiva desde a Guerra Fria”. Portanto, na quarta-feira, quando os líderes dos países da OTAN se reuniram na cúpula em Madri, essa nova mobilização, segundo Birnbaum, só parecia “temível” no papel e não na realidade, ao se tratar de uma simples aspiração em vez de um novo compromisso assumido para defender a Europa.
“O passo anunciado por Stoltenberg apanhou desprevenidos os principais responsáveis da Defesa de muitos membros da OTAN, fazendo-os questionar quais de suas forças, se houver, estariam incluídas nesses 300.000.”

“Pode ser que seja uma magia de números?”, cita Michael Birnbaum as palavras de um alto funcionário de Defesa europeu, que, tal como outros, falou com jornalistas sob a condição de anonimato. Certos altos funcionários afirmaram que foram apanhados de surpresa, ao não terem sido avisados antecipadamente sobre o plano de expandir as forças de resposta rápida da OTAN dos 40.000 (dimensão atual) em meio ao conflito na Ucrânia e às ameaças militares que a Rússia representa aos territórios da OTAN.
Quando o secretário-geral da aliança Jens Stoltenberg foi perguntado sobre o “mistério” relacionado com as tropas, segundo The Washington Post, ele afirmou que a maioria das tropas estaria estacionada dentro de seus países de origem e se basearia no pessoal existente, um código para simplesmente reclassificar as tropas existentes atualmente e torná-las mais disponíveis para rápida implementação em caso de crise de segurança.
Além disso, outro alto funcionário da OTAN comunicou sob condição do anonimato que os números concretos para cada país da aliança ainda deveriam ser fixos. Acrescentou que mesmo o número de 300.000 ainda só pode ser teorético hoje.
“O conceito ainda não foi plenamente elaborado”, disse o funcionário. “Teremos de fazer mais para construir o modelo antes de podermos determinar quais poderão ser os compromissos nacionais”.
Mesmo assim, diz Michael Birnbaum, certos países já anunciaram sua intenção de fornecer um número fixo de tropas: a ministra da Defesa alemã Christine Lambrecht afirmou que seu país ofereceria 15.000 homens, o que constituiria uma divisão completa.
Caças sobrevoam bandeiras na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) durante a cerimônia de cúpula da aliança, Bruxelas, 25 de maio de 2017 - Sputnik Brasil, 1920, 30.06.2022
Caças sobrevoam bandeiras na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) durante a cerimônia de cúpula da aliança, Bruxelas, 25 de maio de 2017
O autor do artigo salienta que uma brigada completa em cada país é três ou quatro vezes superior ao número das forças da OTAN instaladas antes do início da operação militar especial russa na Ucrânia.

“Apenas uma parte de cada brigada será instalada de cada vez, mas o equipamento estará no lugar para que o resto do grupo possa entrar em combate rapidamente”, indica a publicação.

“É muito importante termos as estruturas de comando no local”, salientou o primeiro-ministro letão Krisjanis Karins em uma entrevista na quarta-feira. O político elogiou o objetivo de futuro alargamento da aliança, mesmo que ainda seja preciso resolver certos pormenores.
Para concluir, o autor destaca que a colocação de 300.000 soldados em alta prontidão não é a primeira vez em que Stoltenberg anuncia números mais relacionados com simbolismo do que com realidade, acredita Birnbaum. Ao longo do mandato presidencial de Donald Trump, o secretário-geral, segundo The Washinton Post, apresentou números de gastos de defesa calculados precisamente para comunicar a que ponto aumentaram os compromissos da aliança desde que Trump assumiu seu cargo em 2017. Contudo, diz o artigo, as despesas da OTAN começaram a subir depois da reunificação da Rússia com a Crimeia em 2014. A mudança era destinada a “acariciar o ego” de Trump e permitir que ele recebesse crédito pelos aumentos de gastos de defesa.

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