Agência de refugiados da ONU revela que mais de um terço dos rohingyas que fugiram da violência em Mianmar “precisam de assistência específica e imediata”
Uma de cada três famílias de refugiados rohingyas em Bangladesh se encontra em situação de vulnerabilidade e “precisa de assistência específica e imediata”, alertou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) nesta terça-feira. A agência chegou a esta conclusão ao terminar a primeira fase do levantamento dos refugiados da etnia: 120.284 famílias, que reúnem 517.643 pessoas, revelou em entrevista coletiva a porta-voz da agência, Duniya Aslam Khan.
O estudo, realizado pela Acnur e a Comissão para a Libertação e Divisão de Refugiados de Bangladesh, teve como foco o campo de Kutupalong e proximidades, além de acampamentos improvisados em Balu Khali. A análise também concluiu que 72% dos refugiados chegaram ao país depois do início da onda de violência em Mianmar contra a minoria muçulmana.
Entre as famílias consideradas vulneráveis, 14% são compostas por mães solteiras e seus filhos, segundo informações divulgadas pela porta-voz. Também existe uma quantidade expressiva de idosos e crianças desacompanhadas, algumas delas incumbidas de cuidar dos irmãos menores. De acordo com o Acnur, 54% dos refugiados são menores de idade.
A violência explodiu em 25 de agosto, quando os rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA, na sigla em inglês), que afirmam defender a minoria muçulmana, atacaram dezenas de delegacias de polícia. O Exército birmanês reagiu com uma grande operação em Rakhine, área pobre e remota do país, o que obrigou a fuga de dezenas de milhares de pessoas. Segundo Zeid Ra’ad al Hussein, diretor da Acnur, os episódios de violência poderiam configurar “limpeza étnica”. Os ataques “possivelmente equivalem a crimes contra a humanidade”, disse Hussein.
Conselho de Segurança
Na segunda-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou de forma unânime uma declaração condenando veementemente a violência contra os rohingya, na qual cobra que o governo de Mianmar “garanta que não haja o uso excessivo da força militar em Rakhine” e respeite os direitos humanos. De acordo com o jornal Washington Post, a China, país que tem poder de veto no Conselho de Segurança, e é aliada a Mianmar, se opôs a uma resolução mais contundente.
“Trata-se de uma mensagem forte e unanime para acabar com a limpeza étnica que acontece diante dos nossos olhos em Mianmar”, disse o embaixador francês na ONU, Fracois Delattre. O diplomata, ao lado de seu par britânico no órgão, Jonathan Allen, classificou a onda de violência contra os rohingyas como “uma das piores crises humanitárias de nossos tempos”.
(com EFE)