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segunda-feira, 23/12/24
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BC vai intervir no câmbio sempre que for necessário, afirma Campos Neto

Após moeda norte-americana bater novo recorde, chegando a ser negociada a R$ 4,27, presidente do Banco Central diz que vai agir sempre que for necessário atenuar movimentações anormais no mercado

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central: “Fizemos duas intervenções. Não são movimentos de longo prazo, mas, sempre que for necessário atenuar a volatilidade, vamos intervir”
(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, garantiu que a autoridade monetária vai intervir no câmbio sempre que for necessário atenuar algum movimento fora do normal, como o desta terça-feira (26/11), quando a moeda norte-americana chegou a bater R$ 4,27, na máxima da sessão, e fechou com alta de 059%, a R$ 4,238. A disparada foi resultado, em parte, das declarações do ministro da Economia,

Paulo Guedes, que disse, na noite de segunda-feira, em Washington, não se importar com a alta do dólar e que os brasileiros deveriam se acostumar com a moeda cara durante bom tempo.

“A política monetária se faz com juros, o câmbio é flutuante. As intervenções que temos feito são para atenuar movimentos fora do normal. Como o câmbio descolou muito hoje (esta terça-feira — 26/11), fizemos duas intervenções. Não são movimentos de longo prazo, mas, sempre que for necessário atenuar a volatilidade, vamos intervir”, explicou Campos Neto, que participou do seminário Correio Debate: Desafios 2020 — o Brasil que nos aguarda, realizado no auditório do jornal.

Com a cotação da divisa dos Estados Unidos batendo recordes, o Banco Central promoveu uma operação de venda à vista de dólares e outra de swap cambial reverso, que equivale à venda de dólar no mercado futuro. No fim da manhã, a autoridade monetária anunciou leilão extra para vender a moeda norte-americana à vista. O nervosismo do mercado também atingiu a Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Nesta terça-feira (26/11), o Ibovespa, principal índice de lucratividade da bolsa brasileira, caiu 1,26%, aos 107.059 pontos.

Logo após a atuação do BC, a moeda desacelerou, mas fechou na máxima histórica, em valores nominais. “Essas atuações do Banco Central não são alinhadas a sua função e tendem a ser pontuais em casos de distinção de liquidez. Eu acredito que o BC não deve atuar além do que fez hoje (esta terça-feira — 26/11), com ações pontuais”, avaliou o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo.

O presidente Jair Bolsonaro avaliou, na saída do Palácio da Alvorada, o comentário de Guedes sobre a alta do dólar. “Eu vi, ouvi, se ele falou, está falado. Eu espero que caia (patamar do dólar), torço, assim como torço que caia a taxa Selic, que aumente nossa credibilidade junto ao mundo. Agora, eu sou técnico de time de futebol, quem entra em campo são os 22 ministros. Paulo Guedes está jogando na Economia. Se você for analisar, na ponta da linha tem vantagens, prós e contras do dólar alto”, disse, sem esclarecer os pontos.

Para José Roberto Carreira, operador de câmbio da Fair Corretora, os prós, do ponto de vista político, são os objetivos de beneficiar o exportador brasileiro. “Mesmo assim, as declarações de Guedes lá fora motivaram a intervenção do BC”, disse. Mas não apenas o comportamento do ministro interferiu no câmbio. “O mercado está seco e sem parâmetro”, concluiu.

O gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, destacou que o mercado tem reações exageradas. “É importante entender que o mercado sempre age antecipadamente e de forma exagerada. Geralmente, com efeito manada. Não podemos considerar como uma tendência. Existe, ainda, uma expectativa de que o dólar volte a R$ 4,10”, estimou.

 

 

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