Em sabatina no Senado, economista indicado para a presidência do Banco Central fala também em ‘respeito ao câmbio flutuante’
O indicado à presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira que o objetivo da autoridade monetária será o de cumprir “plenamente a meta de inflação, mirando o seu ponto central”. O economista destacou que a manutenção de nível baixo e estável de inflação é condição essencial para o crescimento sustentável.
Em discurso na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde é sabatinado pelos parlamentares na manhã desta terça-feira, Ilan destacou ainda que haverá “respeito ao regime de câmbio flutuante” caso ele assuma o BC e também defendeu a reconstituição do tripé macroeconômico.
“Considero haver praticamente consenso de que é preciso reconstruir o quanto antes o tripé macroeconômico, formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante”, disse.
Segundo o ex-economista-chefe do Itaú, o cenário atual é desafiador, com nível de instabilidade política e econômica acima de níveis históricos. Ele considerou, no entanto, que as políticas recém-anunciadas pelo governo interino de Michel Temer estão na direção correta e que a eficiência da política monetária será tanto maior quanto mais bem sucedidos forem os esforços na implementação de reformas estruturais e na recuperação fiscal.
Ilan afastou a ideia de que o país vive período de estagflação, que alia estagnação da atividade econômica e alta de preços, mas não deixou de resssaltar que o país atravessa umas das piores recessões de sua história.
Sobre o cenário externo, Ilan disse que ele é “desafiador” e ressaltou que “o período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos Estados Unidos”.
Pouco antes de deixar o banco Itaú, o que ocorreu após ser indicado para assumir o BC, Ilan via espaço para corte na Selic no segundo semestre, a partir de julho, diante da contínua melhora no balanço de riscos para a inflação.
O economista ocupou a diretoria de Assuntos Econômicos do BC entre 2000 e 2003. Agora, a expectativa é que ganhe o aval do Senado para o comando da autoridade monetária. Após o sinal verde da CAE para sua nomeação, ele ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Senado, o que deve ocorrer ainda nesta tarde, seguindo acordo de lideranças.
(Com Reuters)