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segunda-feira, 23/12/24
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BID aposta em “década de oportunidades” na América Latina após pandemia

O presidente do BID apresentou um plano de “reinvestir nas Américas”, que propõe uma agenda concentrada na mudança climática para superar a crise

BID: o banco terá como foco a “bioeconomia”, com “novos modelos de agricultura e pecuária sustentáveis” que não incentivem o desmatamento (Germano Lüders/Exame)

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destacou no domingo (21) que pretende estimular uma “década de oportunidades”, após os efeitos devastadores provocados pela pandemia na América Latina.

“Apesar da pior contração econômica econômica em 200 anos provocada pelo vírus, se até 2025 conseguirmos afirmar que não se perdeu outra década na América Latina e Caribe, então terei sucesso”, afirmou o presidente da instituição, Mauricio Claver-Carone, durante o evento de encerramento do 60º encontro de ministros na Colômbia.

Ao final da assembleia anual que aconteceu em Barranquilla, o presidente do BID apresentou um plano chamado de “reinvestir nas Américas, uma década de oportunidades”, que propõe, entre outras medidas, uma agenda concentrada na mudança climática para superar a crise desatada pelo vírus.

Mas a aposta de Claver-Carone contrasta com o relatório apresentado no sábado pelo BID, muito mais pessimista.

A região sairá da crise com maior endividamento, mais pobreza e aumento da desigualdade de renda”, prevê o informe, que aponta um crescimento de 12,1% a 14,6% da pobreza extrema nos próximos anos.

Com apenas 8% da população mundial, a América Latina e o Caribe concentram mais de 27% (741.000) do total de mortes por covid-19. Um duro impacto que provocou uma retrocesso da economia de 7,4% em 2020, a queda mais expressiva em 200 anos.

Para 2021, o BID espera que o continente avance 4,1% e evite outra “década perdida”, o termo utilizado nos anos 1980, quando a crise da dívida deixou a economia regional de joelhos.

Amazônia

No evento, que aconteceu de quarta-feira a domingo, Claver-Carone anunciou que as Nações Unidas apoiarão com 775 milhões de dólares o fundo de desenvolvimento sustentável da Amazônia lançado esta semana.

“Nós, do BID, colocamos 20 milhões de dólares para criar o fundo e começar a avaliar os projetos, e já recebemos um compromisso do Fundo Verde do Clima de 775 milhões de dólares para esses projetos”, disse o primeiro americano a ocupar a presidência do BID.

Claver-Carone divulgou na quinta-feira a contribuição inicial do Banco à iniciativa para a Amazônia em um evento que contou com a presença do presidente da Colômbia, Iván Duque, e a participação virtual do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

O BID terá como foco a “bioeconomia”, com “novos modelos de agricultura e pecuária sustentáveis” que não incentivem o desmatamento, explicou na ocasião.

Segundo a organização WWF, a América Latina foi a região mais afetada pelo desmatamento na última década, devido à expansão da agricultura e da pecuária, construção de estradas, mineração e incêndios florestais.

Apenas em 2020, a floresta amazônica brasileira perdeu 8.426 km2 por causa do desmatamento, 8% a menos que no ano anterior. O número, no entanto, preocupa especialistas, que questionam a política ambiental de Bolsonaro.

Na Colômbia, o desmatamento destruiu 1.590 km2 de florestas, 62% deles na Amazônia, de acordo com números de 2019.

A bacia amazônica, que abriga a maior floresta tropical do mundo, estende-se por 7,4 milhões de quilômetros quadrados e ocupa quase 40% da superfície da América do Sul, no território de nove países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

– Retorno às Américas -Claver-Carone também insistiu em estimular a reorganização regional das cadeias de valor, com o repatriamento de capitais e indústrias, conhecido como “nearshoring”.
A iniciativa foi idealizada pelo ex-presidente Donald Trump, que fez campanha para Claver-Carone assumir um cargo historicamente reservado para latino-americanos.

Filho de um espanhol e de uma cubana, com uma carreira na Casa Branca, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Tesouro americano, conhecido por suas críticas a Cuba e Venezuela, Claver-Carone defendeu a proposta de congressistas americanos de aumentar o capital do organismo com 80 bilhões de dólares.

“Seria a maior capitalização em sua história”, disse.

“Nenhum ministro rejeitou a proposta”, completou. Mas o trâmite ainda precisa percorrer um longo caminho antes de ser validado nos Estados Unidos e no BID.

Claver-Carone também enfatizou a necessidade de incorporar as mulheres à força de trabalho do continente, assim como o apoio para fortalecer as pequenas e médias empresas e a economia digital.

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