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Bolsonaro diz que Petrobras não deveria subir combustível; estatal tem aumento previsto, diz jornal

Após reunião extraordinária, o conselho de administração da Petrobras autorizou aumento de preços, ainda não oficializado, segundo o jornal O Globo

Bolsonaro: presidente pediu que Petrobras não reajuste preços (Getty Images/Andressa Anholete)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que verá como um ataque direto ao governo caso a Petrobras decida reajustar o preço dos combustíveis nos próximos dias.

Em transmissão feita em suas redes sociais nesta quinta-feira, Bolsonaro gastou boa parte do tempo falando sobre a Petrobras e disse que enxergará “interesse político” na decisão da estatal.

A fala acontece horas após uma reunião extraordinária do conselho de administração da Petrobras nesta quinta-feira.

O conselho da estatal, após divergências internas, autorizou a diretoria a promover um aumento de preços, segundo afirmaram fontes presentes ao colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. O anúncio estaria previsto para esta sexta-feira, 17.

A estatal ainda não comenta o caso e um eventual aumento ainda não foi oficializado.

A estatal completou três meses sem reajustar a gasolina e um mês sem reajustar o diesel, que estão defasados em relação aos preços internacionais.

“Eu espero que a Petrobras não queira aumentar a gasolina e o diesel nesses dias em que estamos negociando, acertando com o Parlamento, nessas negociações. Eu só posso entender que seria um interesse político para atingir o governo federal”, disse Bolsonaro na live.

A Petrobras também alertou nesta semana o governo sobre a possibilidade de desabastecimento de diesel caso o preço não seja reajustado.

Integrantes do governo, porém, não acreditam nessa hipótese e criticam internamente a Petrobras por usar esse argumento para aumentar os valores.

Os preços do diesel estão defasados em 18% e da gasolina, em 14%, segundo os preços na abertura de mercado de quarta-feira, 15, calculados pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). O caso do diesel é mais sensível pois o Brasil importa um terço do que é consumido.

O governo brasileiro segue desde 2016 para a Petrobras uma política de paridade de importação dos preços com o mercado internacional, a chamada PPI.

Bolsonaro cobra saída de Ferreira Coelho

Na live desta quinta-feira, Bolsonaro voltou a colocar na estatal a culpa pelo preço elevado dos combustíveis e pediu também celeridade na troca da diretoria.

“A Petrobras na minha concepção ela foi do Brasil. Atualmente são dos seus funcionários e dos minoritários, em especial os fundos de pensão de fora do Brasil”, afirmou.

Segundo ele, “quanto mais o povo está sofrendo aqui, mais felizes estão os diretores e o atual presidente da Petrobras”, em referência ao presidente, José Mauro Ferreira Coelho, que foi demitido por Bolsonaro após pouco mais de um mês no cargo, mas cuja troca ainda aguarda um rito no conselho de administração.

Bolsonaro indicou como novo presidente da estatal Caio Mario Paes de Andrade, que é da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.

A decisão do governo de trocar o presidente da estatal e o seu Conselho acontece na tentativa de mudar a regra de preços, mas o Conselho vem adiando uma reunião para confirmar a mudança.

“A gente espera que o Conselho se reúna, porque o Conselho não quer se reunir, para decidir a troca do presidente”, afirmou Bolsonaro.

A mudança na presidência, de acordo com Bolsonaro, permitiria que a nova diretoria adote uma nova política de preços. O presidente afirmou que o pareamento do preço com o mercado internacional não exige reajustes imediatos.

O presidente também comemorou a aprovação no Congresso do projeto que limita a 17% a cobrança do ICMS pelos estados para combustíveis. Bolsonaro afirmou ainda que espera para a próxima semana um avanço no projeto que prevê que a União compense os estados por mais renúncias fiscais.

Segundo Bolsonaro, caso os projetos do governo entrem em vigor, deverá ocorrer uma redução de R$ 2 no preço da gasolina e de R$ 1 na cobrança pelo litro do diesel. Mas a redução de fato é difícil de medir devido à volatilidade dos preços no mercado internacional.

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