Para tentar mostrar coesão no governo e acalmar investidores, presidente diz que todas medidas econômicas passam pelo ministro
Na manhã desta segunda-feira, 27, o presidente Jair Bolsonaro teve companhia de ministros em seu já tradicional aceno a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Após um dos pilares de seu governo, Sergio Moro, deixar a pasta da Justiça e escancarar uma grande crise política, Bolsonaro resolveu mostrar que seu outro pilar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, continua sendo seu “posto Ipiranga” e é quem comanda todas as medidas econômicas do governo. Além do presidente, Guedes também falou a apoiadores nesta manhã. Também estavam presentes o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
“Acabei mais uma reunião aqui tratando de economia. E o homem que decide a economia no Brasil é um só: chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá recomendações e o que nós realmente devemos seguir”, disse Bolsonaro.
A tentativa de mostrar coesão e entendimento no campo econômico se torna fundamental para tentar acalmar investidores, já que após a saída de Moro, a bolsa operou no negativo e o dólar bateu novo recorde na última sexta-feira. Além da crise política, a preocupação do mercado é que Guedes, figura que representa o ajuste fiscal, estivesse escanteada após a Casa Civil apresentar um plano de investimentos estatais para a retomada econômica pós-coronavírus.
O ministro da Economia, favorável a redução do estado, afirmou que o país irá, sim, gastar mais este ano em linha com o que vem acontecendo em todos os outros países, mas que essa realidade é uma exceção e a agenda reformista continua para o futuro. “Queremos reafirmar a todos que acreditam na política econômica que ela segue e é a mesma política econômica”, afirmou. Segundo ele, o coronavírus atingiu a economia em um momento que o país deveria voltar a crescer.
Na semana passada o governo apresentou o programa Pró-Brasil, um projeto para injetar dinheiro público na economia para amenizar o impacto da queda da atividade causada pela pandemia. A cerimônia na qual se falou que os pilares do plano são “ordem” e “progresso”, deixando claro o tom militaresco da medida. O anúncio não teve a presença de integrantes do Ministério da Economia, como o próprio Guedes. No mesmo dia, o secretário de desestatização, Salim Mattar, falou a imprensa dizendo que as privatizações não saíram da pauta da equipe econômica e são defendidas por seu chefe direto, o ministro Guedes.
Nesta segunda, Guedes afirmou que o plano Pró-Brasil aborda estudos na área de infraestrutura que são “adicionais para a arrancada do crescimento”. “Isso vai ser feito dentro dos programas de recuperação de estabilidade fiscal nossa”, disse.
Segundo Guedes, o governo poderá ampliar investimentos próprios em infraestrutura, mas sem criar grandes planos de desenvolvimento. “O Tesouro não investe, o Tesouro é o caixa. Quem investe é o governo, se decidir. E o governo, sim, aumenta investimentos em infraestrutura. Acabamos de conversar com ministro Tarcísio, não tem problema nenhum. O que não podemos fazer é justamento planos nacionais de desenvolvimento, como era antigamente, porque a nossa direção é outra. O excesso de gastos de governo corrompeu a democracia brasileira, estagnou a economia brasileira”, afirmou.