Visivelmente incomodado com as suspeitas e acusações expostas à imprensa, Bolsonaro afirmou que tomará as medidas cabíveis para o caso
O presidente Jair Bolsonaro assumiu pessoalmente as rédeas sobre a polêmica envolvendo o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do ministério da Economia, Carlos da Costa, e o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto de Souza Ferreira — mais conhecido como Guto — que o acusa de receber “pedidos não republicanos” na autarquia. A possibilidade de os dois serem demitidos não está descartada.
Visivelmente incomodado com as suspeitas e acusações expostas à imprensa, Bolsonaro afirmou que tomará as medidas cabíveis para o caso. “Olha, eu tomei conhecimento e estou louco para saber. Já falei, entrei em contato com o Paulo Guedes (ministro da Economia) e quero saber que pedido é esse. Um dos dois (Carlos ou Guto), no mínimo, né, vai perder a cabeça. Um dos dois, tá certo. Não pode ter uma acusação dessas. Vão dizer que ele ficou lá pois tem uma bomba embaixo do braço? Não é esse o meu governo. Já determinei para apurar. Um dos dois ou os dois perderão a cabeça, tá ok?”, declarou.
O impasse entre Guto e Carlos se arrasta há alguns dias. O secretário chegou ao ponto de demiti-lo, alegando que ele não estaria entregando “resultados planejados”, informa a revista Veja. O presidente da ABDI não aceitou a decisão e frisou, em entrevista à publicação, que sairia apenas por ordem de Bolsonaro. “Não tenho a menor dúvida que o motivo da discussão da minha saída é o ódio do secretário Carlos da Costa porque não atendi aos pedidos não republicanos dele”, acusou Guto.
O presidente da ABDI não informou quais pedidos “não republicanos” seriam, mas frisou, ao longo da entrevista, que “tem potencial de estrago bem grande”. “O secretário Carlos da Costa me fez pedidos não republicanos e recusei. Ponto. Não posso abrir agora. Liga para ele e pergunta. Fala assim: ‘Eu gostaria de saber se você fez algum pedido não republicano para o presidente da Abdi’. Por mais que eu tenha uma vontade enorme de falar, não posso voltar atrás na palavra que dei neste momento”, acusou.
Defesas
Em nota, Carlos da Costa refuta “terminantemente” ter feito “qualquer pedido não republicano”. E reitera que sua atuação sempre seguiu “explicitamente as normas aplicáveis à Administração Pública Federal e aos princípios da ética e da integridade”. “Todas as solicitações feitas pelo secretário foram literal e rigorosamente pautadas pelos princípios de economicidade, legalidade e legítimo interesse público. Nesse sentido, o secretário determinou que o atendimento das solicitações só poderia ser feito após a manifestação favorável das áreas jurídicas competentes”, informou a assessoria de imprensa.
Diante do exposto, Carlos da Costa comunicou que está tomando as providências judiciais para interpelar Guto sobre as “denúncias infundadas”. Procurado, o presidente da ABDI informou, por meio da assessoria, que não vai comentar as declarações do presidente Jair Bolsonaro.