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Camisetas oficiais da seleção estão esgotadas e com fila de espera no DF

Sem as camisas oficiais da marca Nike, muitos clientes tiveram que se consolar com as licenciadas, da linha oficial da CBF, que variam entre R$ 79 e R$ 89

Fantasiado, Talison Cutrim chamava a atenção de clientes para a loja onde trabalha e já não havia bandeiras
(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Se junho já é um mês bom para o comércio graças às festas juninas, em ano de Copa do Mundo fica melhor ainda. Apesar da aparente apatia do torcedor brasileiro, ressabiado com a Seleção desde o fatídico 7 a 1 para Alemanha, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) estima um aumento de 12,64% nas vendas em relação ao Mundial de 2014. Os vendedores veem resultado antes da estreia do Brasil, contra a Suíça, domingo. No Taguacenter, por exemplo, as lojas investem alto em itens de decoração e vestuário, enquanto, no Plano Piloto, camisetas oficiais da seleção estão esgotadas e com fila de espera.

Horas antes do início da Copa do Mundo, brasilienses foram às ruas para comprar camisetas da Seleção Brasileira, ontem de manhã. As oficiais, em alguns locais, já estavam esgotadas, como na Grandes Marcas, na 308 Sul. Ela tem uma lista de espera de 50 clientes que desejam a camiseta amarela, vendida a R$ 249. Segundo o vendedor Anderson de Oliveira, 24 anos, o lote mais recente deveria chegar ainda ontem, com previsão de acabar antes do fim de semana. “Do Dia dos Namorados até hoje (ontem), o movimento tem sido grande”, contou. A camiseta e outros itens relativos à Copa foram presentes entre muitos casais da cidade na terça-feira, Dia dos Namorados.

Ionara levou quatro camisas: “Durante o jogo, é o coração quem manda”(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Sem as camisas oficiais da marca Nike, muitos clientes tiveram que se consolar com as licenciadas, da linha oficial da CBF, que variam entre R$ 79 e R$ 89. Foi o caso da tabeliã Ionara Gaioso, 42 anos, que adquiriu quatro para a família, na manhã de ontem. “Apesar da situação política do país e de um ano de eleições, durante o jogo, é o coração quem manda. Na hora do gol, então, a gente enlouquece. Quero ver o Brasil ganhar todos os jogos”, ressaltou. O servidor público Ricardo Vasconcelos Pessoa, 50, também deixou para a última hora a compra de quatro dessas camisetas, duas para suas filhas e outras duas como presente de aniversário para seus sobrinhos. “Estou meio desanimado, mas a criançada tem me motivado, chega da escola contando histórias dos jogadores. Apesar do vexame da Copa passada, o Tite conseguiu uma ligação emocional entre os atletas. Acho que o Brasil leva o hexa”, comentou.

Grávida de cinco meses, a bancária Soraya Saraiva de Oliveira, 37 anos, tem motivo dobrado para celebrar os jogos. “Eu e a minha Júlia vamos vibrar juntas em um corpo só”, disse, sorrindo. Ela havia comprado camisetas para ela e seu marido e levou-as para personalizar na loja, a R$ 39,90 cada, com nome e número (para as oficiais, o serviço fica em R$ 59,90). A ideia era colocar 2015, ano do casamento, nas costas, mas não foi possível. Então, ela pediu que gravassem o seu nome e o do marido, Hebert, mais o número 11 para lembrar o mês em que se casaram.

Segundo o vendedor Anderson, os números mais procurados das camisetas são os dos atacantes Neymar, Felipe Coutinho e Gabriel Jesus. Uniformes de outras seleções, como da Argentina e da Alemanha, também são bastante requisitadas pelos brasilienses. “Muitos brasileiros são fãs da seleção alemã. Já da Argentina, não sei o que se passa na cabeça”, brincou. Outros itens à venda são a bola oficial (R$ 599), a bola top réplica (R$ 149) e a infantil (R$ 99).

Comércio popular

Pesquisa realizada pela Fecomércio, com 401 pessoas, destacou os artigos de armarinho como aqueles com maior expectativa de venda: aumento de cerca de 37,6%. Para o presidente da federação, Adelmir Santana, o aumento das vendas está diretamente relacionado ao desempenho da Seleção. “O brasileiro deixa para comprar tudo de última hora, então, o comerciante repõe os estoques aos poucos”, observa. Da mesma forma, ele afirma que um fracasso como o da última Copa pode acarretar em prejuízo aos comerciantes.

Ontem, no Taguacenter, tradicional ponto de comércio popular de Taguatinga, havia lojas repletas de clientes, bandeiras, fitas e vendedores animados tocando cornetas para atrair os clientes. Entre os compradores mais animados estava a aposentada Sandra Dias, 53 anos. Ela comprou perucas, cornetas e bandeirolas para reunir a família inteira em Teresópolis, Goiás. “Serão mais de 60 pessoas assistindo aos jogos. Compramos muitas coisas, porque os preços estão em conta”.

Empolgadas, Fabiana e Ana Júlia pintaram os rostos nas cores do Brasil(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Os vendedores estavam surpresos com o movimento. Talison Cutrim, 23 anos, disse que até itens de mostruário haviam sido vendidos. Com os cabelos pintados nas cores do Brasil e tocando corneta na porta da loja, ele afirma que vale tudo para chamar a atenção do consumidor. “Não temos mais bandeira do Brasil e de vários outros países, como da Alemanha, do México, da Argentina, do Uruguai e da França. O fornecedor, que é de São Paulo, já informou que não tem mais bandeiras do Brasil para repor os estoques”, contou o vendedor.

Perto dali, a loja onde a vendedora Fabiana Oliveira trabalha, também estava movimentada. Enquanto ela se ocupava das bandeirinhas e fitas, a filha Ana Júlia Oliveira, 7 anos, fazia o dever de casa. Animadas com a Copa, elas exibiam as cores da bandeira no rosto. “Junho é sempre um mês que vende bem, e a Copa ajuda a vender mais”, comentou Fabiana.

Dono de uma rede de lojas no Taguacenter, André Duarte, 39 anos, diz que, neste mês, as vendas aumentaram 60% em relação ao mês passado. “A festa junina é o nosso segundo Natal para vendas. Com a Copa, melhorou ainda mais”. André explica que, antes de a Copa começar, as vendas são, principalmente, de itens de decoração, mas, a partir das primeiras vitórias, o torcedor se anima e passa a comprar mais. “Neste ano, há mais confiança na Seleção, que é a favorita”. O empresário conta ainda que sobraram muitos itens de 2014. As cornetas, compradas por R$ 1 na época, agora são vendidas pela metade do preço.

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