A Câmara Legislativa exonerou, nesta terça-feira (31/10), o delegado aposentado da Polícia Civil Mário Gomes da Nóbrega do cargo de secretário parlamentar do Bloco Sustentabilidade de Trabalho. Ele foi um dos alvos da segunda fase da Operação Panoptes, deflagrada nesta segunda-feira (30).
Ex-coordenador da Polícia Legislativa da CLDF, Nóbrega foi conduzido coercitivamente para depor no Departamento de Polícia Especializada (DPE), pela manhã, e se sentiu constrangido pela ação.
Ele teria sido envolvido na operação por sua relação com o chefe da máfia dos concursos, Helio Ortiz, preso durante a primeira fase da Panoptes em agosto deste ano. O delegado aposentado é suspeito de passar informações a ele sobre o concurso da Câmara Legislativa. Nóbrega negou a suspeita.
Disse que, quando trabalhou como chefe da Polícia Legislativa, a Câmara ainda não tinha previsão de promover a seleção. Nóbrega admitiu, porém, que conhece Ortiz há 30 anos, mas rechaçou qualquer tipo de envolvimento com a máfia dos concursos. Para reforçar essa informação, afirmou que sua filha “se dedica dia e noite e nunca passou em concurso público”. Para ele, “se o Helio faz isso, ele tira o sonho das pessoas.”
Além de ser vizinho de Ortiz no Guará, Nóbrega contou que tinha uma chácara ao lado do sítio do homem apontado como chefe do esquema. “Comprava galos do Helio”, ressaltou o delegado aposentado, que chefiou a Polícia Legislativa da CLDF até o começo deste ano.
Nóbrega foi delegado por 30 anos e chefiou pelo menos cinco unidades da Polícia Civil no DF. É ex-administrador da Estrutural e ex-suplente de deputado distrital. Continua lotado como comissionado na Coordenadoria da Polícia Legislativa. Ele garantiu que vai entrar com uma ação contra a condução coercitiva por abuso de autoridade. “Ela não é prevista na lei para esse caso.”
Operação
A Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil do DF (PCDF), deflagrou a segunda fase da Operação Panoptes para desarticular um grupo criminoso que fraudava concursos públicos no Distrito Federal e em Goiás. Agentes e delegados cumpriram cinco mandados de prisão preventiva, três de detenção temporária, oito de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão, somente na capital do país.
O grupo, segundo os investigadores, pretendia fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por meio de ponto eletrônico. Mas todos os concursos ocorridos desde 2013 podem ter sido alvo da quadrilha, que cobrava de R$ 10 mil a R$ 20 mil iniciais dos candidatos, e até 20 vezes o valor do salário do concursado aprovado por meio do esquema.
Fonte: Metrópoles