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Com perspectivas sombrias para abril, população expressa medo e tristeza

Previsões indicam que, ao final do abril, morrerão em dois dias a mesma quantidade de pessoas que morriam por semana na primeira onda

(Amanda Perobelli/Reuters)

Se março de 2021 foi o pior mês da pandemia no Brasil, com 62.918 mortes por covid-19 em todo o país, o mês de abril promete ser ainda pior. Estudo do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, divulgado neste fim de semana, projeta, no cenário mais otimista, pouco mais de 100.000 mortes até o final deste mês, o que faria de abril o pior mês da pandemia por aqui.

Em 31 de março, chegamos a 321.515 óbitos por coronavírus. Ontem, domingo, já eram 331.433. De acordo com os cálculos da universidade norte-americana, atingiremos 429,6 mil óbitos até o dia 4 de maio. Número que pode bater em 436,1 mil na pior projeção. No cálculo, são levadas em consideração diversas variáveis, como a mobilidade da população, o atual estágio da vacinação e seus impactos, as variantes do vírus e até mesmo o uso ou não de máscaras por parte da população.

A atual média móvel de mortes diárias está em 2.747óbitos por dia. Mas o número está impactado pelas subnotificações do feriado de Páscoa. Na última quinta-feira, 1º de abril, essa média rompeu pela primeira vez a impressionante barreira das 3 mil mortes diárias, ao chegar em 3.117 por dia. Entre hoje e quarta-feira, os registros que deixaram de ser feitos nos últimos três dias em função do feriado devem ser computados, trazendo novamente a média para o patamar de 3 mil por dia.

Na primeira onda de covid-19, que no Brasil durou do final de maio ao final de agosto do ano passado, eram precisos três  dias para que fossem registradas 3 mil mortes pela doença. Hoje, basta um único período de 24h para que isso aconteça. E, nas contas da Universidade de Washington, chegaremos no fim de abril com uma média ao redor de 3.500 mortes diárias. Ou seja, morrerão em dois dias a mesma quantidade de pessoas que morriam por semana durante a primeira onda no país.

#ficaemcasa

Essas estatísticas têm deixado os brasileiros assustados. Nas redes sociais, predominam os sentimentos de medo e tristeza. Juntos, eles representam quase metade (49%) de todos os conteúdos postados nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19 no Brasil. O acompanhamento é feito pela FSB Inteligência, área do Grupo FSB especializada em dados. Saiba mais no dashboard.

Outro dado que chama a atenção nesse monitoramento das redes sociais é o debate sobre isolamento social e medidas restritivas de circulação. Se na primeira onda essa era uma discussão que polarizava as redes, agora, diante do caos dos números, quem se manifesta no Twitter, no Instagram ou no Facebook é claramente favorável ao isolamento.

Nos últimos cinco dias, para cada post contrário às medidas restritivas, foram publicados 31 favoráveis. Significa dizer que, dentre os posts que falaram sobre isolamento social, 97% foram a favor das medidas como forma de combater a atual escalada de casos e mortes por coronavírus no Brasil.

Por enquanto, os únicos números que têm apresentado melhora são os da vacinação. Na semana passada, em média, foram aplicadas por dia 746,5 mil doses, volume três vezes maior do que o registrado há um mês. Na quinta-feira, dia 1º, pela primeira vez foram aplicadas mais de 1 milhão de doses em um único dia. Ainda não chegamos sequer a 3% da população imunizada com duas doses de vacina, mas a aceleração do processo de imunização traz alguma esperança. Por enquanto, continua sendo talvez a única esperança de melhora no médio prazo.

* Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

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