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Comerciantes do Rio estão inseguros com a reabertura; veja as incertezas

Empresários dizem que é preciso retomar as atividades econômicas, mas sem desprezar os cuidados sanitários para evitar novas interdições

Rio: Witzel deve divulgar nesta segunda (1º) o decreto de reabertura do comércio (Andréa Rêgo Barros/PCR/Fotos Públicas)

Em meio à expectativa da divulgação, nesta segunda-feira, do decreto do governador Wilson Witzel prevendo a reabertura do comércio, possivelmente a partir da próxima segunda-feira (8), comerciantes veem com cautela a transição para o chamado “’novo normal’’.

Os empresários dizem que, com faturamento reduzido — para quem passou a operar com delivery, por exemplo — ou zerado por conta das restrições iniciadas em março, é preciso retomar as atividades econômicas, mas sem desprezar os cuidados sanitários para evitar que uma nova escalada de casos sobrecarregue hospitais e exija novas interdições.

Na capital, a secretária municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, promete divulgar protocolos por setores da economia. O prefeito Marcelo Crivella ainda não bateu o martelo se manterá por mais uma semana o decreto que, desde o dia 12, mantém interditados os acessos a 13 centros de bairros para reduzir a circulação de pessoas. O prazo também vence hoje.

Sócio, com os filhos, de uma barbearia e estúdio de tatuagem no Américas Shopping, no Recreio dos Bandeirantes, Nilson Russo diz ser improvável que consiga retomar as atividades na próxima segunda.

Ele reclama que, até o momento, a exemplo de outros setores do comércio, as autoridades sanitárias não divulgaram diretrizes para o funcionamento de estabelecimentos como o dele.

O empresário, que em acordo com a administração do shopping deixou de pagar aluguel (só entra no rateio das despesas de manutenção, como luz e segurança), diz que precisa conhecer as diretrizes para fazer as adaptações necessárias e se prevenir contra o coronavírus.

Shoppings criam regras

O salão de Russo conta com uma recepcionista e 13 barbeiros, que atuam como microempreendedores individuais.

— As cadeiras de barbeiro terão que ficar mais espaçadas. Também teremos que limitar o acesso de pessoas que querem acompanhar a colocação de tatuagens e piercings. Devemos suspender, por dois ou três meses, cafés, água e cerveja que oferecemos de cortesia para os clientes, para reduzir a manipulação de produtos. Apesar de estarmos há dois meses sem faturar, a gente precisa retornar às atividades com cautela — disse Nilson Russo.

Já o empresário Alexandre Souto Maior, dono de uma franquia de loja de sapatos, no Shopping do Méier, e de uma casa de câmbio, no Américas Shopping, é outro a reclamar da falta de regras claras para a reabertura do comércio. Ele diz que, desde o fim de março, está com as atividades praticamente zeradas.

— A loja de câmbio quase parou, exceto em serviços de remessa de dinheiro para o exterior. Em abril, o faturamento da sapataria foi zero. Ter essas regras para voltar a trabalhar com segurança são essenciais — disse Alexandre.

Proprietária há 25 anos de uma cafeteria na Cobal do Humaitá, que tem funcionado apenas no sistema take-away (compre e leve), Vera Podiacki diz que, por pelo menos um mês, por precaução, não pretende trabalhar com consumo no local. Com queda de 80% no movimento, ela conta que aderiu à Medida Provisória 927/2020, reduzindo em 25% os salários dos funcionários, que têm se revezado ao longo dos dias na loja:

— É uma questão de segurança não apenas para nós e meus funcionários. Mas uma medida preventiva porque há riscos dos casos voltarem a subir — disse.

Dono de uma loja de tecidos na Avenida Ataulfo de Paiva (Leblon), Nassim Elias Harari usou a Medida Provisória para suspender o contrato de trabalho de seus cinco funcionários.

Um decreto do prefeito Marcelo Crivella prevê que estabelecimentos do gênero funcionem com restrições de acesso de clientes e horários limitados. Nassim conta que, em um primeiro momento, não vai retomar a rotina e pretende manter os funcionários em casa.

— Reabrir ou manter o isolamento é uma questão controversa. Não há garantias de que os clientes, por cautela, vão optar por manter o isolamento social. Se eu chamo os funcionários de volta e a epidemia recrudesce, vou ter ainda mais prejuízo — avalia Nassim.

A expectativa é que, em seu decreto, Witzel libere o funcionamento das indústrias com 70% da capacidade e a abertura de shoppings e lojas de rua com 50% da lotação. O processo será feito em etapas. A primeira deve levar duas semanas. As atividades com público continuarão suspensas, como jogos de futebol, sessões de teatro, de cinema e festas. As escolas devem continuar fechadas, assim como as academias de ginástica.

Entre as administradoras de shoppings, os preparativos para reabertura já começaram. A BR Malls, à frente do NorteShopping, Shopping Tijuca e Plaza Niterói, pretende implantar um protocolo rigoroso. Entre as medidas adotadas, a obrigatoriedade de máscaras para clientes e funcionários que entrarem nos shoppings, além de espaços para o público poder limpar as mãos com álcool em gel. Os empregados dos setores de limpeza também vão reforçar a faxina em corrimãos e maçanetas. Além disso, todas as pessoas que entrarem nos shoppings terão a temperatura corporal verificada.

 

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