18.5 C
Brasília
sexta-feira, 15/11/24
HomeEconomiaConstrução civil entra em campo para amenizar saques do FGTS

Construção civil entra em campo para amenizar saques do FGTS

Representantes da construção civil se reúnem com equipe econômica do governo e afirmam que esvaziamento do FGTS prejudicaria o financiamento de novas casas

Obra em São Paulo: FGTS financiou quase metade das construções do programa Minha Casa Minha Vida nos últimos três anos (Alexandre Battibugli/Reprodução)

Enquanto o Congresso está em recesso, o tema dos próximos dias passa de reforma da Previdência ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Representantes do setor da construção civil e a equipe econômica do governo discutem nesta segunda-feira, 22, os últimos detalhes para a liberação do saque de parte do FGTS aos trabalhadores, cujo plano detalhado está previsto para ser anunciado na próxima quarta-feira, 24.

O governo pode disponibilizar 42 bilhões de reais do fundo, como forma de estimular a economia. Mas o setor de construção civil argumenta que liberar os saques desaceleraria o Minha Casa, Minha Vida, programa de moradias populares do governo federal no qual o FGTS dos trabalhadores costuma entrar como parte do financiamento. Nos últimos três anos, 44% das moradias do programa foram financiados pelo FGTS.

Foram justamente as discussões com a construção civil que levaram o governo a adiar o anúncio do plano para os saques, previsto inicialmente para a última quinta-feira, 18.

Líderes do setor da construção civil, como Rubens Menin, dono da MRV, e Ricardo Valadares Gontijo, presidente da Direcional Engenharia, foram pessoalmente se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro (que os recebeu fora da agenda).

Enquanto isso, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), José Carlos Martins, reclamou com o ministro da Casa-Civil, Onyx Lorenzoni, por não ter sido consultado pelo ministério da Economia.

A liberação do FGTS já havia sido feita em 2017 pelo presidente Michel Temer, que liberou 44 bilhões de reais, também como forma de estimular a economia. Os empresários questionam que, na ocasião, a construção civil já sofreu um baque, e que novo saque agravaria mais a situação.

Menin, da MRV, disse ao UOL que espera que o governo não tome nenhuma medida “estabanada” que prejudique a liquidez do FGTS.

Um estudo Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) aponta que a cada 100.000 reais sacados do fundo, uma moradia deixa de ser construída, o que implica em mais de 400.000 casas a menos caso a proposta dos saques avancem. Martins, da CBIC, afirmou que ter parte do FGTS retirado tiraria 500.000 empregos do setor.

Defensores da liberação dos saques, por outro lado, afirmam que o FGTS, hoje com cerca de 400 bilhões de reais, é um fundo que rende pouco e que o trabalhador faria melhor uso do dinheiro podendo retirá-lo para outros fins.

O governo ainda não anunciou a quantia que liberará para os saques ou a periodicidade com que o dinheiro poderá ser retirado. Mas as próximas conversas com a construção civil, certamente, serão decisivas para o texto final.

Mais acessados