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sexta-feira, 27/12/24
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Contra demissão de terceirizados, alunos ocupam bloco de aulas da UnB

Cadeiras foram empilhadas para barrar acesso a prédio no campus da Asa Norte. Manifestantes alegam falta de diálogo sobre orçamento, com déficit de R$ 100 milhões.

Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) ocuparam na madrugada desta terça-feira (15) um prédio da instituição contra a demissão de terceirizados e cortes na educação. O protesto ocorre no Bloco de Salas de Aula (BSA) Sul, no campus da Asa Norte.

Imagens mostram que cadeiras empilhadas barram o acesso de quem quer entrar no espaço, usado por diversos cursos. Os manifestantes continuavam no prédio até a última atualização desta reportagem.

A UnB confirmou a ocupação, mas não soube estimar o impacto da ocupação. Na internet, os manifestantes alegam que houve “falta de diálogo na discussão orçamentária da UnB”. Com a queda dos repasses federais, a universidade acumula um déficit de R$ 100 milhões e tem feito cortes para conseguir fechar as contas.

Na última quarta (9), a empresa que atua na limpeza da UnB, a RCA Serviços, demitiu 118 funcionários. Representantes da empresa disseram que o contrato com a universidade foi reduzido em R$ 700 mil e, por isso, fica necessário suprimir o quadro de funcionários em 128 pessoas.

Repercussão

“De todas as minhas aulas desse semestre, só duas não são aqui no prédio. Entendo a pauta, mas esse protesto não incomoda quem está decidindo as coisas no país”, afirmou uma aluna do curso de biologia, que não quis informar o nome.

Alguns professores mudaram o local das aulas. Estudante do quinto semestre de odontologia, Hugo Sousa teria aula por lá. Ele foi avisado por mensagem de texto que o curso seria realocado para o prédio ao lado, na Faculdade de Saúde.

Cadeiras empilhadas no BSA Sul (Foto: Mateus Rodrigues/G1)
Cadeiras empilhadas no BSA Sul (Foto: Mateus Rodrigues/G1)

Manifestantes afirmaram que o movimento de ocupação é pacífico e que não houve danos ao espaço. Para eles, o vidro quebrado na entrada do prédio foi causado por um aluno que “ficou revoltado ao descobrir que não teria aula devido à ocupação.”

O grupo alega que, desde o começo de junho, tentou dialogar diversas vezes com a reitoria e realizar fórum para debater a economia da universidade e a demissão dos terceirizados, mas que o chefe de gabinete e o assessor da reitora pegaram os contatos, mas não deram retorno.

“Realmente os cortes do governo têm a maior culpa. Só que gente entende que a reitoria não é só um órgão gestor, é um cargo político. As demissões começaram nas férias de forma covarde.”

O chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques, disse  que o movimento desta terça-feira ( 15) foi visto com surpresa.

“O canal está aberto, mas a negociação ainda depende da assembleia que eles vão fazer hoje. Pra nós, isso tudo foi uma surpresa. A gente tem conversado muito abertamente com a comunidade sobre todas essas questões. Estamos à disposição.”

Pedaço de vidro quebrado na porta do BSA Sul (Foto: Bianca Marinho/G1)
Pedaço de vidro quebrado na porta do BSA Sul (Foto: Bianca Marinho/G1)

“A comunidade acadêmica não pode silenciar. Nós também estamos lutando pela aula, mas que aula é essa? São aulas dignas, tanto pra gente quanto pros trabalhadores. Não queremos os trabalhadores da limpeza em condição análoga à escravidão”, afirmou um dos integrantes da ocupação.

Outras pautas

Além de protestar contra o corte de verbas para a educação, o grupo também visa dar visibiliade ao julgamento no Supremo Tribunal Federal marcado para esta quarta (16).

Os ministros vão julgar uma ação sobre a legalidade do decreto que determina como deve ser realizado o processo de demarcação e titulação de terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. Além disso, também avaliam o “marco temporal”, tese que diz só ter direito à terra as comunidade que moravam naquele territórios de 1988.

As ações são consideradas pela oposição como “manobras” da bancada ruralista que ameaçam os direitos já adquiridos.

O prédio

Inaugurado em 2012, o BSA Sul foi construído com recursos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Ele conta com 42 salas de aula, seis laboratórios de informática, oito salas de tutoria e um auditório. Fica próximo ao principal prédio da UnB, o Instituto Central de Ciências (ICC), conhecido como Minhocão.

Estudantes em frente ao BSA Sul, na UnB (Foto: Mateus Rodrigues/G1)
Estudantes em frente ao BSA Sul, na UnB (Foto: Mateus Rodrigues/G1)

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