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segunda-feira, 23/12/24
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Copom reafirma que deverá fazer mais um corte nos juros

Em ata, Copom disse que após o corte adicional de dezembro, as medidas estimulativas devem ter cautela

Selic: na última semana, Copom reduziu a Selic de 5,50% para 5,00% ao ano (Fredcardoso/Getty Images)

São Paulo — O Banco Central ponderou que a menor presença do Estado na economia e a falta de comparativos históricos sobre as reações observadas num ambiente de Selic tão baixa aumentam as incertezas em relação à transmissão da política monetária, reforçando o tom de cautela em relação aos fatores que podem pressionar a inflação para cima.

A mensagem veio em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira (05). No documento, o BC reiterou que deve cortar os juros básicos em 0,5 ponto percentual em sua próxima e última reunião do ano, nos dias 10 e 11 de dezembro, após redução de igual magnitude levada a cabo na semana passada.

A Selic está hoje em 5% ao ano, patamar mínimo já registrado.

Para além do novo corte adiante, a ata mostrou que os membros do Copom chegaram a discutir os benefícios de oferecer alguma sinalização e decidiram reforçar que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes na taxa básica.

O BC já havia mudado seu balanço de riscos na semana passada, explicitando que, diante do cenário atual, um dos fatores que entrou na sua análise diz respeito justamente ao atual grau de estímulo monetário, que atua com atraso sobre a economia.

Para o BC, isso aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

A ata jogou mais luz sobre essa avaliação. De um lado, o BC cravou que os mercados de crédito livre e de capitais têm crescido a “taxas robustas”, com possíveis implicações sobre os canais por meio dos quais mudanças na taxa Selic afetam o comportamento de outras variáveis na economia.

“Alguns membros do Copom destacaram que as mudanças no mercado de crédito e na intermediação financeira, como o maior papel desempenhado pelo crédito com recursos livres e pelo mercado de capitais, podem impactar a transmissão da política monetária”, trouxe a ata.

De acordo com o documento, os membros do colegiado também refletiram sobre a sensibilidade de variáveis macroeconômicas à política monetária, uma vez que faltam comparativos na história brasileira para o atual grau de estímulo.

“Tendo em vista que a política monetária opera com defasagens sobre a economia, especialmente sobre o nível de preços, os fatores avaliados tendem a aumentar a incerteza sobre os canais de transmissão da política monetária”, disse o BC.

Para a equipe da H.Commcor, por ora a repetição do corte de 0,5 ponto na Selic em 11 de dezembro está praticamente contratada. “Os passos seguintes, no entanto, seguem cada vez mais incertos, com o documento reforçando a cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo, no caso para abaixo de 4,50%”, disse em nota.

Inflação

Em relação à alta dos preços, o BC apontou que a inflação acumulada em 12 meses deve ter recuado em outubro, para níveis ao redor das mínimas observadas durante o regime de metas. Segundo o BC, contudo, o IPCA deverá voltar a subir ao longo dos últimos meses do ano.

“Essa trajetória de curto prazo reflete uma inflação abaixo do esperado pelo Copom em setembro e revisão, também para baixo, da projeção referente ao mês de outubro”, trouxe a ata.

“Para o último bimestre deste ano, foram revistas as projeções de alguns preços administrados, que, por sua vez, compensaram aquelas surpresas desinflacionárias, mantendo a projeção de inflação estável em relação à da reunião anterior”, prosseguiu.

O BC destacou que considerou para seus cálculos o cenário com Selic extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante, com o dólar equivalente a 4,05 reais.

Nesse cenário, o IPCA foi estimado pelo BC ao redor de 3,4% para 2019, 3,7% para 2020 e 3,6% para 2021. Em todos os casos, portanto, os números ficaram abaixo dos centros das metas de inflação, que são de 4,25% (2019), 4,00% (2020) e 3,75% (2021), sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

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