Davi Perini Vermelho, de São João de Meriti, é suspeito de participar de fraude na compra de respiradores pelo governo de Santa Catarina
A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu 300 mil reais em um imóvel de propriedade do vereador Davi Perini Vermelho, o Didê (DEM), de 40 anos, presidente da Câmara de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A ação faz parte da Operação Oxigênio (O2), deflagrada no último sábado em quatro estados para combater fraudes na compra de respiradores pelo governo de Santa Catarina. Os aparelhos eram para tratamento de pacientes com o novo coronavírus. Segundo o Registro de Ocorrência que VEJA teve acesso, o dinheiro estava na “residência e/ou empresa” do parlamentar, em Vargem Grande, Zona Oeste da capital.
No Rio, a Operação Oxigênio foi realizada pelo Departamento de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, da Polícia Civil, que atuou em parceria com as polícias de Santa Catarina, São Paulo e do Mato Grosso. De acordo com as investigações, a quadrilha é acusada de superfaturar 200 respiradores em um total de R$ 33 milhões. A ação visava cumprir 35 mandados de busca e apreensão e diversos sequestros de bens contra os suspeitos. O caso está sob sigilo.
O vereador Didê, suspeito de participar do esquema criminoso, não retornou as ligações até o fechamento desta reportagem. O imóvel do parlamentar fica na Avenida Vereador Alceu de Carvalho, conforme o procedimento policial número 257-00060/2020. Os policiais também apreenderam no local máscaras N-95, máscaras de oxigênio, laptops e peças para respiradores.
Eleito com 2.576 votos no pleito 2016, Didê está em seu segundo mandato. Ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), ele declarou ter bens de 120 mil reais, sendo 40 mil reais em dinheiro vivo e um caminhão avaliado em 80 mil reais. O vereador foi um dos principais articuladores para a filiação do prefeito da cidade, Dr. João, ao DEM junto ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que comanda a legenda no estado do Rio. O evento ocorreu na Câmara de Meriti, em novembro do ano passado, com a presença de Maia.
Em fevereiro deste ano, o vereador Didê registrou, na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), ameaça de traficantes. Segundo o parlamentar, o motivo foi por atuar contra o tráfico de drogas e apoiar a retirada de barricadas em São João de Meriti. À polícia, Didê disse que sofrera outra ameaça em 2014. À época, a casa onde o parlamentar morava com a família foi alvejada a tiros por homens fortemente armados.
A íntegra da nota oficial do governo de Santa Catarina:
“O Governo do Estado apoia todas as investigações necessárias para apurar eventuais irregularidades no processo de compra de respiradores, bem como em quaisquer outros processos. Este apoio não é apenas formal, mas também operacional, já que as investigações em curso contaram e contam com a participação efetiva e ativa da Polícia Civil.
Reforçando o que já foi dito pelo Delegado Geral da Polícia Civil, Paulo Koerich, na manhã de hoje (09/05/2020), vale destacar que o Gabinete do Governador do Estado, tão logo tomou ciência de fatos que indicavam a possibilidade de ilícitos, determinou a imediata abertura de processo de investigação, com total autonomia para os investigadores.
O Ministério Público de Santa Catarina, inclusive, destacou a importância desta colaboração: ‘A celeridade na coleta de farto conjunto probatório inicial e a rápida formulação dos pedidos que embasaram as medidas cautelares só foram possíveis em razão do trabalho realizado em parceria pelos policiais da DEIC e do GAECO com os Promotores de Justiça do Estado de Santa Catarina. As apurações, até o presente momento, contaram com total colaboração dos órgãos públicos vinculados ao Governo do Estado de Santa Catarina’.
Em igual sentido, o Procurador Geral de Justiça, Fernando da Silva Comin, durante a entrevista coletiva deste sábado, destacou a ampla colaboração do Governo do Estado para o bom andamento das investigações, bem como a garantia – sempre dada – da essencial autonomia dos órgãos responsáveis pelas investigações.
Além disso, o Poder Executivo também tem adotado providências de apuração administrativa, a cargo da Controladoria-Geral do Estado, e de reparação patrimonial, em âmbito judicial, o que tem sido conduzido pela Procuradoria-Geral do Estado.
Assim foi até agora e assim será. Nenhuma tentativa de dano aos cofres públicos em Santa Catarina ficará sem a resposta necessária. O Governo do Estado, unido às demais instituições, defenderá sempre – e acima de tudo – o cidadão catarinense.”