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domingo, 28/04/24
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Covid-19: médias móveis do DF apresentam queda há, pelo menos, 25 dias

Há mais de um mês, o Distrito Federal registra diminuição nos indicadores que resultam da soma das mortes semanais dividida por sete e comparadas ao verificado duas semanas antes. Desde 19 de junho, índices apresentam variação negativa

Especialistas consideram que vacinação favoreceu resultados da capital federal, mas defendem análise com parcimônia da queda dos indicadores – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Distrito Federal registra, há mais de um mês, queda na média móvel de mortes por covid-19. Desde 10 de junho, o indicador — resultado da soma dos óbitos em uma semana dividida por sete — apresenta variação negativa quando comparado ao de 14 dias antes. Em relação aos casos, a diminuição do índice se mantém há 25 dias. Apesar da tendência, o contágio preocupa devido à quantidade de registros diários. Nessa quarta-feira (14/7), a Secretaria de Saúde (SES-DF) confirmou 663 novos infectados e mais 13 vítimas que morreram por causa da doença.

Na avaliação de Breno Adaid, pesquisador do Centro Universitário Iesb e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB), o cenário parece favorável, mas a análise dos dados deve ocorrer com parcimônia. “As quedas são incrivelmente positivas. Porém, estamos melhores, não estamos bem ainda. Existe a possibilidade de haver outro boom de casos aqui no DF”, alerta. Nos últimos sete dias, a quantidade média de infectados a cada 24 horas ficou em 589 — 22,7% a menos que duas semanas antes —, enquanto a de mortos no período foi de 12 — diminuição de 15,2% na comparação com o mesmo intervalo.

Se mantiver esse padrão, o DF chega nessa quinta-feira (15/7) aos 440 mil infectados. Nessa quarta-feira (14/7), a capital federal tinha 439.528 casos e 9.420 mortes por covid-19. Para Breno Adaid, não é momento de baixar a guarda em relação aos cuidados até que a maior parte da população esteja vacinada. “(Os resultados) não querem dizer que as pessoas podem relaxar. De jeito nenhum”, ressalta.

Na quarta-feira (14/7), a taxa de transmissão do vírus estava em 0,93, o que demonstra desaceleração, pois cada grupo de 100 pessoas com a doença é capaz de transmiti-la para, em média, outros 93 indivíduos. O indicador está abaixo de 1 desde 21 de junho.

Na terça-feira (13/7), a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou o boletim semanal sobre a covid-19. Os dados revelam que a capital do país se encontra em quinto lugar no ranking nacional que avalia a mortalidade pela doença nas 27 unidades da Federação e em nível nacional. Os números, consolidados no domingo (11/7), mostram que o DF registra 311 óbitos a cada grupo de 100 mil habitantes, ficando atrás de Roraima (353), Mato Grosso (347), Rio de Janeiro (329) e Amazonas (323), respectivamente.

Faixas etárias
O boletim também demonstra que, nos primeiros 11 dias de julho, na comparação com o mesmo período do mês passado, houve queda na quantidade de casos e mortes registradas entre quase todas as faixas etárias. A diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Clarissa Schlabitz, explica que o levantamento considera os boletins epidemiológicos divulgados pelo Ministério da Saúde e que, neste mês, os números não tendem a sofrer alterações significativas. “Esses são excelentes indicadores. Todos os resultados têm demonstrado queda (de casos e mortes) na pandemia”, observa.

Para a infectologista Ana Helena Germoglio, a vacinação tem peso para o cenário: “Os imunizantes geram benefícios mesmo com só uma dose. Desde que (o DF) começou a aplicação das doses, o perfil dos pacientes graves com covid-19 tem mudado. Mesmo com todos os problemas que a campanha apresenta e mesmo não sendo a mais acelerada do país, é inegável o efeito positivo que ela tem”, avalia a médica. Ainda assim, ela lembra que as pessoas vacinadas com a segunda dose precisam manter todos os cuidados não farmacológicos. “Vacina, distanciamento e uso de máscaras são as únicas formas que temos de frear o contágio”, completa.

Atualmente, podem se vacinar no DF pessoas com 41 anos ou mais que conseguiram agendar o atendimento. O Executivo local espera receber uma remessa de vacinas contra a covid-19 nesta quinta-feira (15/7). Com isso, a SES-DF deve iniciar, na próxima semana, o atendimento de pessoas a partir dos 38 anos.

Duas doses em 13% da população

Dos mais de 3 milhões de habitantes da capital federal, apenas 13,4% (410,5 mil) receberam as duas doses ou o imunizante de aplicação única. Em relação aos que tomaram apenas a primeira, essa taxa é de 37,2% (1,1 milhão). Na quarta-feira (14/7), a Secretaria de Saúde vacinou mais 11,4 mil pessoas, inclusive em mutirão no Sol Nascente/Pôr do Sol, cujo alvo foi a população sem acesso à internet e que, por isso, não conseguiu agendar o atendimento. Nesta quinta-feira (15/7), a campanha volta a contemplar profissionais da rede privada de ensino.

Servidora pública, Cláudia Pereira, 51 anos, recebeu a segunda dose nessa quarta-feira (14/7), no Estacionamento nº 13 do Parque da Cidade. Ela conta que, agora, sente mais segurança para voltar ao trabalho, principalmente com o retorno das aulas presenciais. “Trabalho na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação, na 907 Sul. Estou feliz por ter finalizado essa etapa fundamental. Espero que toda a rede possa se vacinar e voltar (às atividades) com todos os cuidados contra o vírus”, opina.

Cláudia relata que teve parentes e colegas diagnosticados com o novo coronavírus. Alguns não resistiram à doença. “Meu irmão teve, mas não ficou em estado grave. Perdi alguns amigos e a nora da minha irmã. A vacinação precisa ser mais ágil, porque perdemos muita gente nesta pandemia”, cobra a moradora de Taguatinga.

Incluída na vacinação pelo grupo dos catadores de materiais recicláveis, Carolina Moura, 24, comenta que receber a primeira dose da vacina gerou alívio. “Querendo ou não, temos contato com o público, não só de hospitais. Está complicado para todo mundo. Muita gente tem passado fome, fiquei desempregada por um mês. Quem tem contas a pagar, fica desesperado”, desabafa. “Vou continuar com os mesmos procedimentos, com uso de máscara e álcool em gel até que não tenha mais necessidade de usá-los”, completa.

UTIs

Na quarta-feira (14/7), a lista de espera por um leito em unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública de saúde tinha 88 pessoas, das quais três tinham quadro suspeito ou confirmado de covid-19. À noite, os hospitais estavam com 57 leitos livres para esse público e 135 com pacientes em tratamento contra a doença, o que levou a taxa de ocupação para 70%. Na rede privada, havia 40 vagas e 157 indisponíveis (80%).

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