A fibrose pulmonar é uma doença respiratória crônica que torna os tecidos pulmonares espessos e rígidos, como se eles fossem cobertos por cicatrizes
Um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) descobriu que infectados pelo novo coronavírus podem desenvolver quadros de fibrose pulmonar, complicação grave que pode levar à morte.
Para chegar a essa conclusão, foram comparadas seis amostras pulmonares de pessoas que morreram por conta do vírus com dez fragmentos de pulmões de indivíduos que tiveram H1N1 em 2009, e 11 amostras de pacientes que morreram por problemas cardíacos ou oncológicos, que não tiveram uma lesão pulmonar como causa da morte.
A fibrose pulmonar é uma doença respiratória crônica que torna os tecidos pulmonares espessos e rígidos, como se eles fossem cobertos por cicatrizes, o que dificulta a absorção e a transferência de oxigênio para a corrente sanguínea.
“Observamos uma tendência de formação de fibrose nos pulmões dos pacientes que foram a óbito por covid-19, em decorrência de um aumento significativo do marcador Interleucina-4 [citocina anti-inflamatória], além de um número aumentado de macrófagos [células presentes nos tecidos] envolvidos na formação de fibrose nesses pacientes em comparação com os pacientes sem lesão pulmonar”, afirmou Lucia de Noronha, professora da PUCPR que participou do projeto, em comunicado enviado à imprensa.
Quando as amostras dos pacientes que contraíram o SARS-CoV-2 foram comparadas com aqueles que tiveram H1N1, a infecção atual parece “promover danos teciduais nos pulmões a partir de mecanismos diferentes do que é verificado nas lesões causadas pelo vírus da gripe suína”. Segundo Noronha, também foi visualizado um edema (inchaço causado pela retenção excessiva de líquido nos tecidos do corpo humano) quando o indivíduo faleceu devido às complicações da covid-19.
Se as citocinas não forem reproduzidas de forma exagerada pelo sistema imunológico, ela pode servir como uma grande aliada ao combate da doença. Depois de reduzidas, darão lugar aos linfócitos T — células reativas que ajudam o organismo na defesa de infecções. Em casos graves essa redução se torna mais complicada e o corpo continua a produzir citocinas, mesmo quando não precisa mais.
Um estudo feito pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e publicado na respeitada revista científica Nature explica que “uma elevação dos níveis de citocina logo no começo dos sintomas está associada diretamente a maiores problemas da doença.”
A orientação dos pesquisadores é para que se preste atenção na imunidade dos pacientes logo no início da doença — o que pode ajudar a evitar quadros graves no longo prazo.