Ex-representante da SBM é acusado de dar propina a funcionários da estatal.
Lobista só informou endereço à comissão após ser ameaçado de prisão.
A CPI da Petrobras receberá nesta terça-feira (9) o lobista Júlio Faerman, ex-representante da SBM Offshore, empresa holandesa que admitiu ter pago propina a funcionários da estatal brasileira em troca de contratos de aluguel de plataformas de petróleo. Faerman, no entanto, obteve autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer calado na comissão.
O lobista é suspeito de ser um dos operadores do esquema de corrupção que atuava naPetrobras. Ele chegou a ser convocado para depor na CPI, mas não apareceu, afirmando depois que não recebeu um comunicado oficial sobre a sessão.
Faerman só entrou em contato com a comissão depois de o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), encaminhar, em maio, umpedido de prisão temporária à Polícia Federal (PF) e à Interpol para que ele fosse conduzido à força à Câmara dos Deputados.
Além do direito de ficar em silêncio, a ministra Rosa Weber, do Supremo, também garantiu ao ex-representante da SBM a possibilidade de não ser obrigado a falar a verdade diante dos parlamentares e também de não “sofrer constrangimentos físicos ou morais” durante a sessão em razão das demais garantias.
Faerman foi apontado pelo ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, um dos delatores da Operação Lava Jato, como o responsável pelos pagamentos de propina vinda da SBM para Petrobras desde 1998.
Em depoimento a integrantes da CPI, em Londres, em 19 de maio, o ex-diretor da SBM Jonathan Taylor confirmou que os pagamentos de propinas a funcionários da Petrobras eram feitos por Faerman.
Numa das gravações entregues por Taylor à CPI, um ex-diretor de Vendas da SBM chegou a explicar que a comissão era de 3% sobre cada contrato. Faerman ficava com 1% e o restante ia para pessoas da Petrobras, segundo o ex-diretor.