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segunda-feira, 23/12/24
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Crianças também são vítimas da violência contra a mulher

Quando a agressão é dentro de casa, o número de afetados aumenta. No caso dos pequenos, o sofrimento vem com a perda da mãe e o trauma que seguirá pelo resto da vida. Ajuda psicológica é fundamental

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Em Sobradinho, a menina de 17 anos viu o pai esfaquear a mãe: tentativa frustrada de ressuscitação
Um vídeo nas redes sociais mostra uma criança desesperada. As roupas dela estão sujas de sangue. Chorando e aos gritos, pede ajuda em um hospital. É para a mãe, que está dentro de um táxi, morrendo. Foi esfaqueada pelo ex-marido, na frente da menina de 7 anos. O caso foi registrado no Rio de Janeiro, mas a realidade não é diferente na capital do país. Dos sete feminicídios registrados desde janeiro, três foram cometidos na frente dos filhos da vítima. Para cada um dos envolvidos na tragédia, há uma pena. O autor, se for preso, ficará mais tempo em reclusão. A vítima teve a vida interrompida. Já as crianças sofrem duas vezes: perdem a mãe e levarão consigo os traumas adquiridos.

Independentemente da idade, não há como a criança sair ilesa depois de presenciar uma cena de tamanha violência. De acordo com especialistas, não existem muitos estudos que mostrem o reflexo dessa exposição ao longo da vida, mas o processo físico e emocional de cada menor revela por si só que esse impacto pode permanecer pela vida toda e se manifestar em diferentes transtornos psiquiátricos. Um dos mais sérios, o estresse pós-traumático, aparece em todas as idades, traz ansiedade, depressão, agressividade. Em qualquer situação, o mais importante é buscar ajuda psicológica imediata.

Mateus*, 6 anos, é uma criança normal. Carinhoso com a família, brinca com os amigos, mas precisa de atenção especial. Quando tinha 2 anos, a mãe dele, Maria Cristina*, foi morta pelo marido, na casa da família, no Riacho Fundo. O autor estrangulou e asfixiou a mulher de 19 anos. A criança viu tudo. Desde que passou a viver com a tia, Denise*, 36, reproduz as cenas a que foi exposto. “Quando está muito nervoso, ele pega no meu pescoço, no do meu marido. Se tiver animal perto, cachorro ou gato, ele também quer pegar. Eu digo: ‘Filho, mamãe te ama, isso não pode’. E vamos acalmando”, revela a professora. Denise também é psicanalista, o que ajudou no processo.

Traumas
Assim que notou os traumas, Denise começou um tratamento com a criança. “Mesmo com todo acompanhamento, não tem jeito. Ele vai levar para o resto da vida. Vejo que, quanto mais ele cresce, mais se lembra. Este ano, ele já me perguntou duas vezes se o pai dele matou a mãe”, conta a tia. Quatro anos depois, um crime semelhante. Há duas semanas, Vanda*, 37, foi morta em casa, em Planaltina, estrangulada e asfixiada. Até agora, o marido é o suspeito. Os dois estavam em casa com a filha de 3 anos e teriam discutido. Juraci*, 47, e a menina estão desaparecidos desde a data do assassinato.

Fonte: CorreioBraziliense

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