A participação nas eleições parlamentares realizadas no domingo passado em Cuba foi de 82,9%, segundo os resultados preliminares, uma porcentagem que as autoridades eleitorais consideraram grande apesar de ser oito pontos menor que a de 2013.
Cerca de 7,4 milhões de cubanos votaram, de um censo de 8,5 milhões de eleitores, explicou em entrevista coletiva a presidente da Comissão Eleitoral Nacional (CEN), Alina Balseiro, que ressaltou que os dados preliminares “sempre são mais baixos” porque ainda não contam com as inclusões de eleitores durante a jornada eleitoral. Com as inclusões de domingo, o censo se eleva até os 8,9 milhões de eleitores.
Essas eleições parlamentares, nas quais foram escolhidos os 605 deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento unicameral), significam o passo anterior à histórica substituição de poder que ocorrerá em abril, quando Raúl Castro deixará a presidência, que previsivelmente será ocupada pelo atual primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, de linha continuísta.
O Governo cubano defende o seu sistema eleitoral como um dos mais democráticos do mundo, enquanto os opositores e críticos consideram o processo uma farsa que pretende legitimar a existência de um único partido legal, o Partido Comunista Cubano (PCC), já que nenhuma outra formação pode se candidatar ao pleito.
As eleições cubanas não contam com observadores internacionais nem campanhas políticas e, na prática, o que fazem os eleitores é ratificar os deputados, já que o número de candidatos e o número de cadeiras são o mesmo, 605 neste caso.
Para a presidente da máxima autoridade eleitoral do país, a jornada de ontem foi “um triunfo e uma reafirmação do sistema eleitoral cubano” com uma “participação em massa”.
No entanto, o número preliminar caiu oito pontos a respeito das eleições parlamentares de 2013, quando se situou em 90,8%, porcentagem seis pontos mais baixa que a registrada em 2008, o que denotaria um crescente desinteresse da população no processo.
Os votos válidos foram 94,4% e os cancelados representaram 1,2%. Já 4,3% dos cubanos que votaram optaram pelo branco, detalhou a funcionária.
“Não consideramos que eles representam uma sociedade, um eleitorado, alguma parte do povo cubano que se oponha a alguma situação, nós vamos além de qualquer interpretação desse tipo”, disse Balseiro ao ser perguntada sobre se esses votos nulos ou em branco podem ser uma forma de expressão de descontentamento do eleitorado com o sistema.