Em reunião com o chanceler brasileiro Mauro Vieira, congressistas venezuelanos opositores afirmam que pelo “peso político que o país tem”, o Brasil deveria fazer mais
A presidente Dilma Rousseff recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores(Wenderson Araujo/AFP)
Os deputados opositores venezuelanos Luis Florido e Williams Dávila se reuniram nesta quinta-feira com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, a quem pediram uma “postura mais firme” diante do governo de Nicolás Maduro e apoio para uma anistia a favor dos presos políticos. Florido, do partido Vontade Popular (PV) e presidente da Comissão de Política Externa da Assembleia Nacional (o Parlamento venezuelano), disse que tiveram com Vieira um “diálogo muito franco” e, pelo “peso político que o país tem”, pediram mais ação para pressionar o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro.
O deputado indicou que explicaram que “a Venezuela está atravessando a pior crise de sua história” pela aguda escassez de alimentos e remédios, mas também uma “crise política e institucional” que deve ser solucionada para poder “pacificar e unir” o país. Um dos pontos expostos foi a lei de anistia que tramita na Assembleia Nacional e que pretende libertar dezenas de presos políticos que existem na Venezuela, em sua maioria detidos após os fortes protestos de 2014.
“É um problema humanitário que não se pode adiar”, afirmou Florido, que disse que o chanceler Vieira manifestou a plena disposição do Brasil em “continuar buscando vias de diálogo” entre a oposição e o governo venezuelanos. Dávila, do também opositor partido Ação Democrática (AD), afirmou que os opositores estão dispostos a ajudar o governo brasileiro a para pressionar Caracas para que pague as dívidas de cerca de 6 bilhões de dólares (24 bilhões de reais) que tem com empresas brasileiras.
Essas dívidas se referem a obras de infraestrutura que empresas brasileiras desenvolvem na Venezuela, mas também a importações de alimentos e remédios “que o povo venezuelano não tem” – lamentou o deputado. Após a reunião com Vieira, os deputados se dirigiram para a sede do Senado, onde hoje discursarão em uma audiência da Comissão de Relações Exteriores. O último compromisso dos deputados venezuelano será uma visita ao Supremo Tribunal Federal, onde serão recebidos pelo magistrado Gilmar Mendes.