Casal e menores reclamaram de truculência policial: ‘Me jogaram no chão’. Cerca de 250 estudantes fizeram ato contra reorganização da rede.
A polícia liberou, na madrugada desta quarta-feira (2), os quatro detidos após manifestação de estudantes na Avenida Nove de Julho, próximo ao Viaduto Júlio de Mesquita Filho, no Centro de São Paulo. Na noite de terça, os alunos protestaram contra a reorganização da rede de ensino estadual e usaram cadeiras para bloquear os dois sentidos da via por mais de duas horas e meia. O ato terminou em confusão.
Às 21h, os policiais negociaram com os estudantes na tentativa de liberar a avenida. Não houve acordo e os PMs marcharam em direção aos cerca de 250 estudantes batendo com os cassetetes nos escudos.
Os policiais dispararam bombas de efeito moral contra o grupo de alunos. Houve correria. Sacos de lixo e outros objetos foram espalhados pelo asfalto. A confusão prejudicou o trânsito de ônibus, que ficaram parados no corredor da avenida em meio ao tumulto. Um dos veículos teve o vidro quebrado.
Um casal maior de idade e dois adolescentes de 15 e 17 anos foram levados para uma delegacia da região. Eles prestaram depoimento e, por volta das 3h desta quarta, foram liberados.
Os dois menores saíram da delegacia acompanhados pelos pais. Eles disseram que foram abordados por policiais militares enquanto protestavam. “Eles bateram com o cassetete no meu braço, aí eu caí no chão e eles me arrastaram. Na hora que eu levantei para poder levarem para o camburão, colocaram o cassetete no meu pescoço e começaram a enforcar e levar”, disse um dos adolescentes.
Sobre a conduta dos policiais no fim do protesto, a Secretaria da Segurança Pública disse que a PM só agiu para evitar danos ao patrimônio público.
Alunos da rede estadual fizeram pelo menos três manifestações, bloqueando vias de São Paulo, durante esta terça. Eles são contra a reorganização da rede de ensino anunciada pelo governo do estado, que prevê ciclo único nas escolas. A reestruturação deve fechar 93 unidades de ensino. Desde o início de novembro, estudantes ocupam escolas estaduais contra o projeto.
Intervenção policial na Marginal
Um outro protesto de estudantes fechou a pista local da Marginal Tietê, na altura da Ponte do Piqueri, na manhã desta terça-feira (1º) em São Paulo. A manifestação foi feita por alunos da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, na Zona Norte da capital, ocupada contra a reorganização de ensino proposta pelo governo paulista.
O colégio vai fechar e vai ser disponibilizado para uso Centro Paula Souza ou fins educacionais da Prefeitura. Os manifestantes caminharam até a Marginal Tietê, carregando cadeiras usadas nas salas de aula e que foram usadas para fechar as pistas no sentido Ayrton Senna.
A Polícia Militar acompanhava a passeata e interveio quando houve o bloqueio sob a ponte, retirando os estudantes. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a corporação tentava “evitar o confronto entre motoristas que avançaram contra os manifestantes que bloqueavam a via”.
Segundo a pasta, a PM usou uma bomba de efeito moral para dispersar a confusão. “Houve a necessidade de uso de força moderada para remover um adolescente que se recusava a deixar o local, mas que estava sendo ameaçado de agressão”.
Bloqueio
A manifestação começou às 9h20 com ocupação de duas da direita da pista local da Marginal Tietê e terminou por volta das 11h10, com a liberação total da via. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a maior lentidão durante o protesto foi registrada no sentido Ayrton Senna, com 12,4 km de congestionamento nas pistas local, expressa e central.
Um outro grupo de alunos fez um protesto na manhã desta terça-feira na Avenida João Dias, na Zona Sul de São Paulo. Eles usam faixas e instrumento musical para protestar contra a reorganização escolar da rede de ensino paulista. Os manifestantes usavam mesas e cadeiras que representavam uma sala de aula durante o protesto.
Ocupações em escolas
Cerca de 190 escolas estavam ocupadas por alunos e manifestantes contrários à reestruturação do ensino estadual de São Paulo. O balanço foi divulgado nesta terça-feira pela Secretaria de Estado da Educação. O número é inferior ao apurado pelo Sindicato dos Professores (Apeoesp), que contabiliza 208 unidades paradas.