A ex-presidente Dilma Rousseff disse desconhecer que o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha favorecido a Odebrecht em Angola. A petista prestou depoimento como testemunha de defesa de Lula em um processo que investiga tráfico de influência e corrupção passiva na ampliação de uma linha de crédito no país africano.
A acusação afirma que, em 2010, a empresa ofereceu R$ 64 milhões ao então presidente, montante que ficaria à disposição do Partido dos Trabalhadores. Em contrapartida, a Odebrecht teria pedido que Lula atuasse junto ao BNDES para aumentar para R$ 1 bilhão um empréstimo concedido a Angola.
A ex-presidente disse que não teve conhecimento de nenhuma acusação ou suspeita desse tipo.
Além de Lula, são réus no processo o executivo Marcelo Odebrecht, o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
Durante o depoimento, a petista foi perguntada pelo procurador Carlos Henrique Martins de Lima se sabia de uma suposta reunião entre o ex-ministro Paulo Bernardo e Marcelo Odebrecht para negociar a propina. Dilma se irritou com a pergunta e não respondeu, alegando que o questionamento pressupõe uma ocasião velada e só tem o objetivo de criar confusão.
O ministro do Desenvolvimento Agrário da época, Guilherme Cassel, também prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-presidente Lula. Cassel disse que não teve conhecimento de encontros entre Paulo Bernardo e Marcelo Odebrecht.
O ex-secretário para assuntos internacionais do Ministério do Planejamento Alexandre Meire da Rosa também foi ouvido e negou ter recebido orientações sobre empréstimos na Angola.