Dado pior do que o esperado reforça movimento de desvalorização de moedas emergentes
O dólar se valoriza contra o real, nesta quinta-feira, 23, recuperando parte das perdas dos últimos três pregões. Embora a moeda americana já estivesse em alta, o movimento se intensificou após a divulgação dos dados semanais de pedido de seguro desemprego dos EUA, que vieram acima das expectativas. Às 10h, o dólar comercial subia 1,2% e era vendido por 5,178 reais.
O mercado esperava pela manutenção dos números em 1,3 milhões de pedidos, mas ficou 116.000 superior. Essa foi a primeira vez que os pedidos de auxílio desemprego cresceram de uma semana para outra desde o pico de 6,6 milhões de pedidos, em 9 de abril.
Mas além dos dados negativos, a recente desvalorização reforça a maior busca pela moeda americana. Na véspera, o dólar comercial encerrou o pregão com 5% de queda acumulada na semana.
“Ele caiu demais nos últimos dias. Então, bastante gente está aproveitando a desvalorização para comprar dólar. Mas no geral, ainda tem um bom humor no mercado”, afirma Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.
Um dos fatores que contribuíram para a recente desvalorização do dólar foi a aprovação do fundo de recuperação da Europa, que elevou os estímulos da União Europeia a 1,8 trilhões de euros. Com o maior otimismo sobre a economia europeia, na quarta-feira, 22, o euro chegou a tocar a maior cotação intradia desde outubro de 2018. Depois de quatro dias de alta, o euro perde força perante o dólar.
No Brasil, o real ainda sofreu os impactos da entrega da primeira fase da reforma tributária ao Congresso, vista como positiva pelo mercado.
Apesar da valorização de hoje, a expectativa no mercado de câmbio é a de que o dólar perca ainda mais força no mundo. “A percepção generalizada de que o dólar tende a acentuar a fragilização ante as demais moedas levou o núcleo de players especuladores estrangeiros e nacionais, que apostavam na alta, a desmontarem suas posições compradas no mercado futuro de dólar. Com a impulsão do desmonte abrupto destas posições, o preço da moeda americana frente ao dólar “derreteu” nesta semana, sugerindo que o preço ainda continue declinando, provavelmente até o piso de 5 reais”, escreveu em relatório Sidnei Nehme, diretor da NGO.