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quarta-feira, 25/12/24
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É possível contrair duas vezes o novo coronavírus?

Embora alguns especialistas acreditem na possibilidade de um segundo contágio, todos acreditam que o mais provável é que exista outra explicação

China: estudo feito no país mostrou que pacientes têm desenvolvido anticorpos de 10 a 15 dias após contrair a doença (China Daily/Reuters)

Um estudo com 175 pacientes curados em Xangai, publicado no início de abril, sem avaliação, mostrou que a maioria desenvolveu anticorpos neutralizantes entre 10 e 15 dias depois do início da doença, com diversas concentrações.

Mas detectar a presença de anticorpos não é o mesmo que concluir que estes conferem imunidade, de acordo com a o diretor de programas de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove.

“Tentamos saber se alguém que contraiu a COVID realmente está protegido”, afirmou o médico Jean-François Delfraissy, presidente do conselho científico que assessora o governo da França.

E ainda algo que poderia ser pior. “Não sabemos se os anticorpos que se desenvolvem contra o vírus podem agravar a doença”, indica Tangy, que recorda que os sintomas mais graves da COVID-19 se manifestam tardiamente, quando o paciente já desenvolveu anticorpos.

Tampouco há elementos que permitam saber quem desenvolve os anticorpos mais eficazes: pacientes em estado grave ou leve, pessoas idosas, ou jovens, entre outras possibilidades.

Diante das dúvidas, alguns cientistas se questionam sobre a pertinência de alcançar a imunidade coletiva, ou seja, quando o número de contagiados é suficientemente elevado para impedir novas infecções entre a população.

“A única solução verdadeira é a vacina”, opina Archie Clements, epidemiologista da Universidade de Curtin, na Austrália.

Passaporte de imunidade?

Apesar das dúvidas, países como Reino Unido e Finlândia iniciaram campanhas de testes sorológicos de detecção de anticorpos para conhecer o percentual, provavelmente muito baixo, da população contagiada.

Na Alemanha, um órgão de pesquisa propôs inclusive uma espécie de “passaporte” de imunidade para permitir que as pessoas que já produziram anticorpos voltem ao trabalho.

“É muito prematuro”, afirma à AFP o diretor do Instituto de Saúde Global de Yale, doutor Saad Omer, que sugere esperar vários meses, “quando existirão testes sorológicos suficientemente sensíveis e específicos”.

Os cientistas insistem, sobretudo, na necessidade de que os testes não apresentem erros na detecção de anticorpos produzidos contra outros coronavírus benignos em circulação.

Os certificados de imunidade também provocam questionamentos éticos.

“As pessoas que precisam trabalhar para alimentar sua família poderiam buscar o contágio”, adverte Balloux.

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