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Em meio à crise do coronavírus, Congo declara nova epidemia de Ebola

País enfrenta surto contínuo da doença mortal desde 2018; sistema de saúde sofre pressão enquanto Covid-19 deixa ao menos 3.195 infectados e 72 mortos

Enfermeiros tratam paciente com suspeita de Ebola em Unidade de Terapia Biosegura de Emergência (CUBE), na República Democrática do Congo – 3/10/2019 Zohra Bensemra/Reuters

A República Democrática do Congo informou nesta segunda-feira, 1, que há uma nova epidemia de Ebola na cidade ocidental de Mbandaka, a mais de 1.000 quilômetros de um surto contínuo no leste. O novo foco do vírus mortal ocorre em meio à pandemia de coronavírus, que infectou ao menos 3.195 pessoas e deixou 72 mortos no país, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

O ministro da Saúde congolês, Eteni Longondo, disse que quatro pessoas que morreram em Mbandaka tiveram resultados positivos para o Ebola após testes no laboratório biomédico nacional na capital Kinshasa. “Temos uma nova epidemia de Ebola em Mbandaka”, disse Longondo. “Vamos enviar vacinas e medicamentos o mais rápido possível”, completou.

O surto foi confirmado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. O médico publicou no Twitter: “Esse surto é um lembrete de que a Covid-19 não é a única ameaça à saúde que as pessoas enfrentam”.

O coronavírus atingiu a República Democrática do Congo no início de março, com casos importados. Sendo um dos países mais pobres do mundo, com acesso limitado à saúde, o presidente Félix Tshisekedi orientou que escolas, bares, restaurantes e locais de culto fossem fechados, além de suspender voos. No fim de março, foi estabelecido estado de emergência e as fronteiras foram bloqueadas.

Estima-se que 3.195 pessoas foram infectadas pelo vírus e que a Covid-19, doença respiratória, tenha matado 72 congoleses. Contudo, a falta de recursos e de segurança, acentuada por conflitos armados no leste do país, aumenta o risco de infecção e dificulta o acesso da população a tratamento hospitalar. Cerca de 43% das famílias têm acesso à água potável no país (69% nas áreas urbanas, 23% nas áreas rurais) e apenas 20% têm acesso ao saneamento, segundo o Banco Mundial.

A situação conturbada do país também impede profissionais da saúde de realizarem testes para o vírus. Segundo Michel Yao, chefe de situações de emergência na África para a OMS, todas as amostras coletadas precisam ser enviadas à capital Kinshasa para os resultados, o que atrasa a operação. Por isso, há suspeita de que haja subnotificação dos casos e mortes pela Covid-19.

O Congo luta para acabar com um surto de Ebola ativo há quase dois anos perto das fronteiras ao leste com Ruanda e Uganda. Lá, o vírus já matou mais de 2.200 pessoas, o surto mais mortal da doença já registrado, após a epidemia generalizada no leste da África de 2013 a 2016 – que exportou o Ebola para os Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Espanha.

Em abril, o país estava preparado para declarar o fim do surto contínuo, seu décimo desde que o vírus foi descoberto em 1976. Contudo, um novo foco infecções foi confirmado no leste, o que atrasou a declaração. No entanto, nenhum novo caso é detectado lá há mais de 30 dias.

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