Diante da crise instalada pelo avanço da pandemia do novo coronavírus, a Câmara Legislativa do Distro Federal (CLDF) dedicou a atuação em março e abril quase que exclusivamente para o debate de soluções e de propostas que buscam conter os problemas causados pela Covid-19. À exceção de matérias pontuais, as sessões, desde a chegada do vírus ao DF, foram dominadas pela discussão do tema e de dezenas de projetos — do Executivo e de parlamentares — que chegaram à Casa.
Para continuar os debates em plenário, os distritais precisaram se adaptar a um novo método de trabalho: as sessões remotas. Paralelamente ao Senado, a Câmara Legislativa foi a primeira assembleia no país a realizar as reuniões on-line. “Fizemos um ajuste tecnológico muito rápido. Conseguimos implementar, no ano passado, o sistema eletrônico de gestão e o painel eletrônico. Essas duas ferramentas permitiram que tivéssemos acesso a todos os dados on-line para que continuássemos as sessões de uma forma tão rápida. Mesmo sem saber que seria necessário, acabamos nos preparando para este novo momento”, explica o presidente da CLDF, Rafael Prudente (MDB).
Na avaliação do deputado, a atuação do Legislativo local durante a pandemia se desdobrou em três setores principais: a saúde, a economia e o social. “Estamos pautando com rapidez tudo aquilo que é importante para este momento”, afirma. “O volume de projetos que estamos avaliando é uma contribuição e uma prova de que a Câmara tem de trabalhar e está trabalhando muito para ajudar o DF neste momento difícil”, acrescenta Rafael Prudente.
Na economia, os distritais reconheceram, a pedido do governador Ibaneis Rocha (MDB), estado de calamidade pública no DF. Assim, o Executivo fica desobrigado a cumprir algumas exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal e tem mais flexibilidade para trabalhar com o orçamento. Isso possibilita mais agilidade para fazer ajustes e garantir recursos para medidas urgentes.
Também recebeu aval da Câmara projeto que reduz o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para produtos como álcool em gel e máscaras, utilizados para a prevenção ao coronavírus. Outras iniciativas, como a proibição da inclusão de créditos na dívida ativa durante o estado de calamidade, também se destacaram entre as medidas analisadas.
“Na Saúde, aprovamos em créditos suplementares mais de R$ 40 milhões para a compra de respiradores e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)”, ressalta Rafael Prudente. Os distritais deram aval também a projetos que garantem gratuidade para servidores da saúde no transporte público durante o estado de calamidade e que aumentam para 20% o adicional de insalubridade para os profissionais da área enquanto perdurar a pandemia.
Renda
Na questão social, as principais propostas avaliadas pela Câmara foram medidas que visam amparar a população mais vulnerável aos impactos da crise econômica provocada pela Covid-19. Na quarta-feira, distritais aprovaram, em segundo turno, projeto do Executivo que cria um programa de renda mínima para famílias carentes.
A iniciativa possibilitará a transferência direta mensal de R$ 408 para famílias cuja renda per capita seja de até meio salário mínimo. O programa tem vigência de 60 dias, mas pode ser prorrogada por mais 30. A princípio, terão direito ao benefício aqueles que não estiverem em programas de auxílio do governo federal, como o Bolsa Família.
Outra iniciativa semelhante aprovada pela Casa cria programa de renda voltado para os trabalhadores demitidos em meio à pandemia de coronavírus. O texto prevê que os desempregados terão direito a três parcelas mensais correspondentes ao total de um salário mínimo (R$ 1.045). “A ideia de criar esse benefício para quem ficou desempregoado é justamente ajudar a manter e desafogar, durante este período, essas pessoas que passarão por dificuldades”, comenta o autor do projeto, o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos).
Críticas e questionamentos
O papel de fiscalizar e cobrar o Executivo também teve destaque na casa. No primeiro momento, o GDF conseguiu pacificar o debate com as medidas de contenção, mas a flexibilização das normas suscitou críticas da oposição. Nesse caminho, o deputado distrital Fábio Felix (PSol) protocolou projeto de decreto legislativo para anular as medidas mais recentes de afrouxamento das atividades comerciais feitas pelo Executivo local.
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