Os Emirados Árabes, que fazem parte da coalizão contra os rebeldes huthis, exigiram que os rebeldes deixem Hodeida, importante cidade portuária do Iêmen
Dubai – Os Emirados Árabes Unidos, um pilar da coalizão contra os rebeldes huthis no Iêmen, exigiram nesta segunda-feira (18) que os insurgentes se retirem “sem condições” da cidade portuária de Hodeida, essencial para as importações de alimentos e para a chegada de ajuda humanitária.
“A operação militar [para recuperar] o porto de Hodeida continuará, a menos que os rebeldes se retirem sem condições”, declarou à imprensa, de Dubai, o ministro de Estado das Relações Exteriores dos Emirados, Anuar Gargash.
O chanceler acrescentou que a coalizão mantém aberta uma estrada que une Hodeida a Sanaa – a capital iemenita, controlada pelos rebeldes – para permitir “às milícias huthis se retirarem”.
O diplomata afirmou ainda que a pressão militar exercida pela coalizão sobre Hodeida busca ajudar o “enviado da ONU em sua tentativa de último recurso para convencer os huthis a se retirarem sem condições”.
“Se isso não acontecer, estamos determinados a conseguir nossos objetivos”, ressaltou.
No domingo, o enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffith, reuniu-se em Sanaa com autoridades rebeldes no âmbito de uma mediação dirigida a deter os combates e a evitar uma nova catástrofe humanitária no país. Nesta segunda, fará um relato sobre o encontro ao Conselho de Segurança.
Na linha de frente, ao sul do aeroporto de Hodeida, sete soldados pró-governo e 18 rebeldes morreram nas últimas trocas de disparos, informaram fontes militares e médicas nesta segunda-feira. Com isso, sobe para 164 o número de mortos em ambos os lados, segundo as mesmas fontes.
Os huthis, desafiadores
O primeiro-ministro da administração rebelde, Abdel Aziz ben Habtur, insistiu, durante seu encontro no domingo com o representante da ONU em Sanaa, que não está prevista uma trégua nas condições atuais.
“A paz que o povo quer não será obtida nas costas dos mártires, dos feridos e dos grandes sacrifícios realizados em quatro anos”, disse ele, segundo a agência Saba, controlada pelos huthis.
“Responderemos qualquer escalada com uma escalada, seja em Hodeida, seja em outro ponto” do país, insistiu.
Os rebeldes continuavam tentando perturbar a chegada de reforços das forças do governo, controlando uma parte da estrada costeira ao sul de Hodeida.
Em seis dias de ofensiva contra Hodeida, as forças pró-governo alcançaram o aeroporto dessa cidade de cerca de 600.000 habitantes.
“Podemos tomar o aeroporto, mas estamos sob uma chuva de fogo procedente dos bairros residenciais vizinhos. Não queremos replicar para não pôr os civis em risco”, argumentou Anuar Gargash.
Milhares de deslocados
A operação provocou um novo movimento de deslocados. Desde o início de junho, somaram-se quase 4.500 famílias deslocadas, segundo a Agência da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Várias ONGs manifestaram, nos últimos dias, sua preocupação com as consequências dessa batalha, em um país, no qual a guerra deixou quase 10.000 mortos desde 2015 e provocou a “pior crise humanitária no mundo”, segundo a ONU.
“A batalha de Hodeida pode ter um impacto devastador nos civis, tanto na cidade quanto em outros lugares do Iêmen”, advertiu a diretora para Oriente Médio da ONG Human Rights Watch, Sarah Leah Whitson.