Aliança Brasil 4.0 quer acelerar a adoção de ferramentas digitais nas fábricas brasileiras — e, com isso, aumentar a fatia da indústria no PIB
As principais empresas de tecnologia do Brasil assinaram nesta semana um acordo para o desenvolvimento da indústria 4.0 no país. Ratificado paralelamente ao Fórum Econômico Mundial na América Latina, o documento mostra um comprometimento para a criação de soluções que modernizem o parque fabril brasileiro, além da equiparação das tecnologias nacionais com o que há de mais modernos em termos de manufatura avançada no exterior.
Alinhavado pela Câmara Internacional de Comércio, a maior organização de empresas no mundo, e pelo conglomerado alemão Siemens, a Aliança Brasil 4.0 contou com as assinaturas de André Clark, presidente da Siemens no Brasil; da presidente da SAP no país, Cristina Palmaka; da presidente da Microsoft Brasil, Paula Bellizia; do presidente da Adobe para a América Latina, Frederico Grosso; do presidente da consultoria Deloitte, Altair Rossato; do presidente da Qualcomm para América Latina, Rafael Steinhauser; do presidente para América Latina da Amazon Web Services, Jeff Kratz; do vice-presidente de negócios industriais da Schneider Electric, Cristiano dos Anjos; do vice-presidente da Basf, Tobias Dratt; de Mariana Vasconcelos, presidente da Agrosmart; do presidente da BSA no Brasil, Antonio Eduardo Mendes da Silva; do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Guto Ferreira, além de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da agência Investe São Paulo.
A cerimônia de assinatura contou com a presença de Joe Kaeser, o presidente global da Siemens. “ Eu acredito fortemente no Brasil e nos brasileiros e neste grupo para moldar o futuro da indústria do país. A aliança Brasil 4.0 representa a nova geração da indústria, baseada na internet das coisas ”, disse Kaeser. Segundo ele, com o uso de novas tecnologias na fábricas, como controles de gasto de energia e de processos, os custos podem ser reduzidos em até 25% e o tempo de produção pode ser reduzido pela metade.
Kaeser também falou que acredita na América Latina e que os líderes regionais são fundamentais no processo de transformação da indústria. “Antes do Vale do Silício construir suas garagens, já havia empreendedorismo pelo mundo. Nós sabemos como fazer”, disse. “Não é preciso ir para São Francisco para aprender o que é a cultura de dono, liderança e empreendedorismo”. A própria Siemens anunciou um compromisso de investir 1 bilhão de euros no Brasil nos próximos cinco anos.
Todos os executivos concordam que este é o momento para que o país dê um salto de produtividade. A digitalização da indústria, ao baixar custos, pode abrir mercados para o país no exterior. Entende-se por digitalização uma série de processos, que vão desde o uso de código de barras para o controle de suprimentos até o uso de robôs e de inteligência artificial. “Temos que voltar a fazer o Brasil relevante na indústria, que já foi a responsável por mais de 30% do PIB”, disse Cristina Palmaka, da SAP. “Em vez de olharmos a tecnologia como custo, devemos começar a olhar para um fator estratégico para que as nossas empresas possam competir de igual para igual no mundo.”
“A indústria 4.0 tem que estar disponível para todos, não apenas para as grandes organizações”, falou Paula Bellizia, da Microsoft. “Ou fazemos isso ou ficamos para trás.”
Além de ser uma oportunidade de negócio para as empresas de tecnologia, a digitalização das fábricas também pode melhorar a eficiência da produção nacional, adicionando 34 bilhões de reais ao ano na economia segundo o Ministério da Indústria e Comércio.