Analistas dizem que presidente brasileiro já deu “passos iniciais” para ajudar na resolução do conflito na Ucrânia, visando ampliar relações com a Rússia e fortalecer o BRICS.
“A iniciativa do presidente Lula é louvável no sentido dos objetivos para os quais o BRICS está orientado. Evidentemente essa não é uma questão que se resolva da noite para o dia, mas em algum momento há que se dar o primeiro passo”, aponta o especialista.
“A diplomacia brasileira terá muita cautela. Em primeiro lugar, apoio à Ucrânia é uma questão fora de cogitação. Naturalmente, isso não passa pela cabeça de ninguém que dirige a diplomacia brasileira hoje. E o que o presidente Lula deverá fazer é aquilo que já anunciou, de sugerir a formação de um grupo para discutir essa questão multilateralmente, fora do âmbito da OTAN”, indica Gonçalves.
“Não vejo um rompimento ou algo inesperado. Acredito que a política externa do governo Lula vai estar bastante previsível”, afirma a pesquisadora, pós-doutoranda pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).
Brasil ajudará a ‘relançar’ BRICS
“É possível que o peso do Brasil seja bastante significativo, o que não foi nos últimos anos para o BRICS. Teve um relacionamento bastante morno, digamos. Tivemos uma política externa um pouco errática durante o governo [de Jair] Bolsonaro. Com o retorno do Lula como presidente, acredito na tentativa de fortalecimento dos órgãos multilaterais”, aponta.
“Em virtude desse afastamento, o BRICS ficou reduzido à relação entre Rússia e China. E o BRICS nos seus objetivos é muito mais do que isso. O BRICS é um agrupamento de grandes países fora do eixo atlântico e da OTAN, com um compromisso muito sério com os países em desenvolvimento e da periferia”, disse o professor.