Mudança nas sequências genéticas analisadas pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia pode ser sinal de alerta no Brasil, e novos estudos devem ser conduzidos
Pesquisadores da Fiocruz Bahia descobriram uma nova linhagem do vírus da zika circulando no Brasil. A novidade foi apontada num artigo publicado neste mês.
Segundo a publicação, “foi desenvolvido um sistema de vigilância capaz de recuperar submissões de sequência e classificar ainda mais genótipos distintos de ZIKV no mundo. Essa abordagem foi capaz de detectar uma nova ocorrência de ZIKV de uma linhagem africana no Brasil em 2019”.
O método analisa as sequências genéticas de microrganismos disponíveis em bancos de dados públicos, e permite que os cientistas comparem os genes com os que já foram anteriormente descobertos.
Apesar da circulação do vírus ter ocorrido no ano passado, nas regiões Sul e Sudeste, há ainda a chances de uma nova epidemia. Até o momento, foram notificados neste ano 3.692 casos prováveis do vírus da zika no país, segundo o Ministério da Saúde.
Há duas linhagens do vírus da zika: africana e asiática. De acordo com o estudo, houve uma mudança nas 248 sequências brasileiras analisadas desde 2015. Naquele ano, 42,8% das seqüências foram caracterizadas como cambojano e 57,2% como micronesiano. A proporção com o subtipo camboja, porém, foi de mais de 90% durante 2016, 2017 e 2018. E, em 2019, houve uma inversão desse perfil, a micronesiano representando 89,2%.
Para os pesquisadores, essa mudança de comportamento pode ser um sinal de alerta, e os estudos devem continuar sendo realizados para evitar um novo surto da doença.