Agora, o presidente Jair Bolsonaro poderá formalizar a indicação no Diário Oficial da União e encaminhar o nome ao Senado
Brasília — O Ministério das Relações Exteriores recebeu o aval oficial dos Estados Unidos para que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, seja embaixador do Brasil em Washington, o posto mais importante da diplomacia brasileira.
A assessoria do Itamaraty confirmou que o ministério recebeu a resposta dos EUA ao chamado pedido de “agrément” do governo brasileiro.
Agora, o presidente Jair Bolsonaro poderá formalizar a indicação no Diário Oficial da União (DOU) e encaminhar o nome ao Senado, que precisa aprovar Eduardo Bolsonaro para a embaixada.
Bolsonaro já disse que só estava esperando a resposta dos Estados Unidos para encaminhar o nome do filho ao senadores.
Elogios e riscos
Na viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, apesar de não ter funções oficiais na administração federal, ajudou a preparar a visita do pai.
Durante o encontro com Donald Trump na Casa Branca, foi o único a ficar no Salão Oval durante o encontro privado dos dois presidentes, a convite de Trump.
Recentemente, o presidente norte-americano, ao ser questionado pela imprensa brasileira sobre a possibilidade de Eduardo ser o embaixador brasileiro em Washington, disse que o deputado era um jovem “excepcional”.
Os elogios de Trump são uma das justificativas de Bolsonaro para a indicação do filho, sob a alegação da sua proximidade com a Casa Branca.
Essa proximidade, no entanto, tem o lado inverso: a identificação de Eduardo com os Trump faz torcer o nariz o Partido Democrata, que hoje controla a Câmara dos Deputados, por onde passam diversos interesses brasileiros.
Inexperiência
Ao defender a indicação do filho, o presidente destaca o fato de Eduardo ser o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e falar inglês e espanhol.
Desde a campanha, o deputado tem se dedicado à área internacional, fez contatos no exterior e virou amigo de Steve Bannon, o ex-assessor de Trump conhecido pelas posições de extrema-direita. Sua experiência na diplomacia, no entanto, é nula.
Formado em direito, escrivão da Polícia Federal, deputado federal mais votado da história, Eduardo, aos 35 anos, completou a idade mínima para ser embaixador no último mês de julho.
No dia seguinte foi anunciado ao cargo pelo pai — em mais uma gafe do atual governo, que revelou a indicação antes mesmo que tivesse sido enviado o pedido de agrément, um documento diplomático que costuma ser classificado como ultrassecreto para não constranger o país anfitrião.
Ao defender sua própria indicação, Eduardo virou piada por ter contado, ao destacar sua experiência internacional, que morou nos Estados Unidos e “fritou hambúrguer”.
Posto vago
A vaga de embaixador nos EUA está aberta desde abril, quando Sergio Amaral, que está no Itamaraty desde 1971, foi transferido de volta para Brasília.
A hipótese da nomeação de Eduardo já era discutida na embaixada em Washington, segundo uma fonte do Itamaraty, mas a principal aposta era que o escolhido seria Nestor Forster.
Ligado a Olavo de Carvalho, considerado guru do bolsonarismo, o embaixador Foster foi promovido recentemente e já está em Washington.
Uma hipótese é que o nome de Eduardo tenha sido colocado na imprensa para testar a reação e que mesmo que ele seja nomeado, Nestor permaneça como uma espécie de “número dois” para orientá-lo.
O fato do posto ter permanecido vago desde abril era visto com estranheza pelo Itamaraty justamente por ser um momento de aproximação entre os dois países.
O presidente Bolsonaro já visitou os EUA duas vezes em pouco mais de seis meses de mandato e o alinhamento com o país é com Trump é uma das marcas de sua política externa.
Eduardo está em seu segundo mandato como deputado federal, tendo sido o mais votado do país na última eleição, e é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.