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terça-feira, 16/04/24
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Falta de pagamento paralisa creches públicas

Instituições que as administram alegam atraso. Governo argumenta que espera prestação de contas

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Cerca de 90% das instituições filantrópicas conveniadas ao Governo do Distrito Federal, entre elas creches, prometem começar a semana de portas fechadas. A paralisação foi decidida  em assembleia geral no Conselho de Entidades de Promoção e Assistência Social (Cepas), devido ao atraso no repasse financeiro às instituições, feito pela Secretaria de Educação.

Parte dos centros de Educação da Primeira Infância (Cepis) é afetada com o problema. Essas creches públicas atendem a 15  mil crianças e são geridas por instituições de ensino comunitário, confessionais ou filantrópicas, sem fins lucrativos.

De acordo com Patrícia Andreazzi, presidente do Grupo Fraternidade Cícero Pereira,   na Asa Norte, mesmo sem o depósito, as entidades conseguiram manter os custos operacionais durante   janeiro. “Abrimos no dia 11 por vontade de dar continuidade ao trabalho, mas a fonte secou”, ressalta. Segundo ela, muitos funcionários estão sem receber salários desde janeiro e  podem não ser pagos em março caso o governo não faça   o pagamento.

Em nota, a Secretaria de Educação admite que o trâmite para quitação da parcela está em atraso, mas que depende, também, da prestação de contas das entidades conveniadas, e nem todas estão em dia com a documentação. Afirmação   que Patrícia rebate: “É sempre a mesma desculpa. Não existe conexão legal com a prestação de contas, já que temos 60 dias para isso. Sem contar as instituições que não eram conveniadas em 2015.”

Poucas creches teriam sido pagas. “A orientação é de que as que já receberam o pagamento da primeira parcela não acompanhem a paralisação. Mas são pouquíssimas. Até a sexta-feira, tínhamos notícia de apenas oito que haviam recebido”, relata a presidente do Grupo Fraternidade  Cícero Pereira.

Versão oficial

A Secretaria de Educação informa que  possui   82 convênios firmados   para  42 centros de Educação da Primeira Infância (Cepis) e 59 creches. De acordo com a assessoria de comunicação, todos foram efetivamente concluídos na quinta-feira passada. Desse total, apenas 28 já receberam os pagamentos e, para as demais instituições, os empenhos deverão ser feitos ainda hoje. A pasta declara que os repasses às entidades  é feito para o quadrimestre (janeiro a abril) e são efetivados à medida   que os processos vêm sendo empenhados.

Pais enfrentam mais esse obstáculo
As dificuldades dos pais que dependem das creches públicas parecem não ter fim. Mãe de gêmeas de cinco anos, a comerciária Dayse Cardoso, 28 anos, está na fila por vagas para as meninas no Guará desde 2011. Agora, tenta colocá-las em um Cepi na Asa Sul, onde estão na 10ª e 11ª posições na lista de espera. Com a notícia de que a creche pode não abrir por falta de pagamento, a angústia da mãe de Sophia e Valentina aumenta.
“Não sei o que vou fazer. Se as pessoas com vaga garantida   estão com essa incerteza, imagina a situação das minhas filhas?!”, lamenta Dayse, que precisa ter onde deixar as garotas para trabalhar.
Patrícia Andreazzi, presidente do Grupo Fraternidade Cícero Pereira,       admite  que os maiores prejudicados com a paralisação são os que mais necessitam.
“Tem creches em Ceilândia que atendem a mais de 700 alunos. Infelizmente, sem o apoio do governo não temos como seguir com nosso trabalho”, explica. E completa: “Nós realizamos um serviço que é obrigação do Estado, e por isso necessitamos do auxilio dele. Porém, nós, dirigentes,   nos sentimos desamparados. É um desgaste muito grande,   estamos cansados”, conclui.

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