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segunda-feira, 23/12/24
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Falta de sinalização nas faixas de pedestres gera riscos de acidentes

Em vários pontos do DF, a falta de sinalização nas travessias de pedestres põe em risco a conquista que Brasília carrega com tanto orgulho. Especialista alerta: se o bom costume for perdido, é ainda mais difícil recuperar a prática

Denise Santana reclama da faixa invisíveis na Avenida Castanheiras em Águas Claras
Denise Santana reclama da faixa invisíveis na Avenida Castanheiras em Águas Claras

O Distrito Federal é exemplo para todo o país quando o assunto é faixa de pedestre. Mas, em alguns pontos da cidade, elas já não são mais tão visíveis assim. Ou estão sujas ou apagadas, devido à falta de manuteção. Como se não bastasse, a falta de sinalização em alguns lugares tem causado uma série de problemas no trânsito. O risco de acidentes cresce e, segundo especialistas, todo o trabalho de educação, iniciado há mais de 19 anos, pode ser perdido com o tempo. A equipe do Correio percorreu alguns pontos da cidade e notou que a maioria das vias da área central de Brasília, apesar da sujeira em algumas, está em bom estado. Na rodovia do Pistão Norte, em Taguatinga, também, pois, segundo o DER, 26 faixas foram refeitas nas últimas duas semanas.

Ao percorrer a Avenida Castanheiras, em Águas Claras, é possível observar que a maioria das faixas está apagada. Denise Santana, 18 anos, trabalha com panfletagem na Rua 4 Norte. Próximo ao local, existe uma sinalização de pedestre, que está incompleta e mal pintada. Denise conta que não é novidade acontecer incidentes por ali. Ela mesma quase já foi atropelada. “Uma vez eu gritei para uma mulher que passou direto e ela justificou que não estava vendo nenhuma sinalização. Mas as pessoas não reparam na placa, só querem saber se a faixa estiver inteira. Se for assim, eu não posso atravessar? É complicado demais”, critica. Uma das maiores preocupações é com idosos e crianças, que atravessam em um ritmo mais moderado. O autônomo, Jairo Newton, 60 anos, esticou o braço, dando sinal de vida. Na primeira vez, sem êxito. Na tentativa seguinte, deu certo. “Eles não param na maioria das vezes. Arrumaram o asfalto, mas esqueceram de pintar de novo, deveriam ter feito imediatamente. Está muito perigoso”, conta.

Para o professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, com a falta de faixas, não há comunicação entre motoristas e pedestres, o que pode ser fatal. “O pior de tudo isso é o valor perdido. Elas são um símbolo para Brasília. As marcas de uma campanha bemfeita ainda existem. Mas quando a qualidade cai, as pessoas começam a desrespeitar e é difícil recuperar a prática que leva anos para ser construída”, adverte. Além disso, Marques alega que não é qualquer tinta que garante uma boa pintura no asfalto. “Se está apagando, o material é ruim. Precisa ser mais grosso, como, por exemplo, massa termoplástica. O desgaste até acontece, mas como a espessura (da tinta) é maior, demora mais. Até essa película que está sendo colocado por cima ajuda. Dá mais aderência, principalmente para motos”, assegura. Segundo Paulo César, grande parte das pinturas não está desgastada. O problema, de acordo com ele, é o acúmulo de sujeira. “Há alguns anos a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) lavava as faixas em alguns períodos do ano. Um caminhão-pipa fazia essa limpeza. Mas com a crise hídrica que Brasília passa atualmente, é delicado fazer isso. Certamente é um absurdo em termos de consumo, mas se pensarmos em preservar vidas, é um debate”, aponta.
Correio Braziliense

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