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Família cozinha, dorme e lava roupas em um cômodo à espera de moradia

Não aguentamos mais essa demora’, lamenta moradora em Angatuba (SP). Prefeitura e CDHU afirmam que atraso deve-se a problemas burocráticos.

 

Uma família de Angatuba (SP) dorme, cozinha e lava roupas no único local da casa de dois cômodos em que vive (o outro é o banheiro) à espera de uma moradia em um conjunto popular habitacional. De dia é possível andar pela “residência”, enquanto à noite o marido, a mulher e três filhos dela dividem espaço no chão ao dormir em colchões. “À noite ninguém sai, quem está dentro fica e quem está fora não entra. Receber visita nem pensar”, conta o serralheiro Felipe Augusto Luiz. A família vive este drama desde o final do ano passado em um espaço de dois metros de largura por cinco metros de comprimento.

casa1A casa pela qual a família espera vem sendo construída desde 2011 por meio de convênio entre a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) e a Prefeitura deobras deveriam ser entregues no final de 2014, mas houve paralisação e a expectativa da prefeitura agora é que as casas estejam prontas no fim de 2016. O Executivo culpou problemas com a construtora responsável pela obra e atrasos no repasse da CDHU, enquanto a companhia alega problemas com a empresa contratada e a falta de interesse de novas construtoras.


casa2Custos

Todo mês, a família do serralheiro paga, além dos R$ 300 de aluguel, mais R$ 200 de energia elétrica e outros R$ 200 de água. A dona de casa Andréa Alexandre Oliveira reclama da situação. “O sonho da gente é morar na casa logo porque é um sofrimento cinco pessoas viverem em um só cômodo. É horrível, mas fazer o quê? Não aguentamos mais esperar”, lamenta. A única pia da casa é usada para tudo, diz a família.

Assim como o casal, outras 211 famílias vivem a mesma expectativa. Há quase seis anos, quando houve o acordo entre os órgãos, elas aguardam a entrega das casas populares no Conjunto Habitacional do Jardim Domingos Orsi Dois. Algumas casas já receberam paredes e até telhados, mas outras ainda nem começaram a ganhar forma. Em 2014, o G1 e a TV TEM mostraram que algumas delas, inclusive, foram alvo de vândalos.

A dona de casa Rosana Aparecida de Oliveira também foi sorteada. A portadora de deficiência física precisa de um espaço adequado para se locomover e, enquanto sonha em ter a casa própria, continua morando com o marido e a filha nos fundos da casa da mãe. “É muita tristeza precisar e não ter a casa da gente. Aqui, nós ficamos em dois cômodos e não tem nada adaptado para mim que sou cadeirante”, afirma.

Situação
Obras estão inacabadas, materiais de construção estragam com o tempo, entre outros, são alguns dos problemas observados no residencial em Angatuba. O motorista Marcos Roberto dos Santos Ferreira lamenta toda vez que passa pelo local. “Quantas são as vezes que passamos por aqui e vemos as casas em estado de abandono. Estamos esperando, mas até agora nada.”

Prefeitura e CDHU
A Prefeitura de Angatuba informou que as casas começaram a ser construídas em 2011 e por problemas com a empreiteira, as obras foram suspensas. Em janeiro deste ano, outra empresa assumiu a construção. Ainda de acordo com a prefeitura, a demora no repasse dos recursos por parte da CDHU este ano diminuiu o ritmo dos serviços. A entrega das casas está prevista para o fim do ano que vem.

Já a CDHU informou que o andamento da obra foi prejudicado por questões enfrentadas pela construtora contratada pelo município. O contrato foi rescindido e a prefeitura abriu nova licitação, por duas vezes, mas não houve empresas interessadas. O processo foi concluído em outubro de 2014 e as obras retomadas, no início deste ano, diz o órgão.

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