O indicador de permanência também é levado em consideração; ele mostra o percentual de estudantes que cursou as três séries do ensino médio na mesma instituição
Um dos pontos que representantes do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) destacaram durante a apresentação dos dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escolas foi a importância de avaliar as informações expostas de maneira mais completa, sem considerar apenas a média das notas obtidas pelos estudantes. Assim como ocorreu no ano passado, a pasta coletou registros sobre a permanência dos estudantes, formação do corpo docente e nível socioeconômico da família do aluno.
“O desempenho do aluno, sozinho, não pode dizer sobre a qualidade da escola”, ressaltou Maria Inês Fini, presidente do Inep. “Toda e qualquer comparação entre escolas pertencentes a contextos diferentes é extremamente indevida”, completou. Segundo ela, esse tipo de análise deve ser feita pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), instrumento criado para mensurar resultados de instituições e sistemas educacionais. “O ranking por si só é inapropriado para indicar para a sociedade e para os pais a qualidade da escola.”
O indicador de permanência na instituição mostra o percentual de estudantes que cursou as três séries do ensino médio na mesma instituição. A formação docente identifica o número de professores que têm licenciatura ou bacharelado com complementação pedagógica na mesma disciplina lecionada. Quanto mais altos esses índices, maiores as chances de os resultados do Enem serem representativos do trabalho desenvolvido pela instituição.
O Leonardo da Vinci fica no topo do ranking do DF, considerando esses dois indicadores, com índice de formação docente superior a 50% e indicador de permanência maior do que 80%. “O Enem publica uma matriz de referência e preparamos as aulas desde o 9º ano do ensino fundamental, de acordo com essa matriz. Os professores do 6º ano em diante também recebem uma formação por meio de palestras”, conta Silvio Miranda, professor de biologia do colégio e coordenador de um projeto voltado ao Enem.
Outra escola que ganha posições com esses dois quesitos é o Centro de Ensino Médio Setor Leste, melhor colocada entre as instituições públicas que fazem parte da Secretaria de Educação do DF. A diretora, Janaína Moreira de Faria, tem orgulho de dizer que a instituição sempre aparece entre as 10 primeiras nesse ranking. O segredo para o bom desempenho, segundo ela, é interligar os conteúdos durante as avaliações. “Fazemos provas de forma interdisciplinar, como ocorre no Enem. Usamos uma abordagem com textos grandes e que abrangem todas as matérias”, explica. Além disso, os alunos do terceiro ano têm duas aulas de redação por semana. “Damos muita importância para o texto. É um detalhe que elimina muita gente”, lembra Janaína.
Outro fator que deve ser considerado é o Indicador de Nível Socioeconômico (Inse), calculado a partir do nível de escolaridade dos pais e da posse de bens e contratação de serviços pela família. A última escola no ranking do Distrito Federal, por exemplo, comemorou o resultado. O Centro Educacional 1 (CED) da Estrutural contou com a participação de 52% dos alunos no Enem em 2015 e conseguiu entrar para a lista de instituições que têm a nota divulgada. Apenas entram na relação os colégios em que mais de 10 alunos tenham feito a prova e em número que represente pelo menos metade do corpo discente matriculado no último ano do ensino médio.
Apesar do último lugar, com média de 458 pontos, o vice-diretor, Celso Cavalcante, celebrou a classificação. A oferta da modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) é a principal responsável pelo resultado. “Estaremos mais preparados, neste ano, porque estamos adaptando as provas ao exame e aplicando simulados para ajudá-los”, conta. Entretanto, o gestor criticou a forma de avaliação do exame nacional. “Essas provas não avaliam as peculiaridades das escolas, só o desenvolvimento dos alunos. Mas, aqui, a nossa comunidade é violenta, isso afasta os alunos. Além disso, a maioria deles trabalha o dia inteiro e chega aqui sem disposição para estudar”, argumenta. “Precisamos avaliar também as diferenças sociais”, defende.