O Brasil é campeão mundial de cesáreas. Na rede privada, cerca de 80% dos nascimentos são realizados por cesárea
A fotógrafa Lela Beltrão é conhecida por suas belíssimas fotos de parto humanizado. Seu trabalho já foi exposto no Salão de Arte Contemporânea do Carrossel do Louvre, uma galeria comercial que fica no subsolo do museu que leva o mesmo nome, em Paris.
Agora, Lela resolveu reunir relatos de mulheres que tiveram seus partos registrados pela câmera da fotógrafa.
Segundo ela, o objetivo é incentivar por meio de relatos outras mulheres a se informarem sobre as possibilidades de parto. “Os relatos são ricos para encorajar as gestantes a se questionarem, perceberem que escolhas são possíveis.”
O Brasil é campeão mundial de cesáreas. Na rede privada, cerca de 80% dos nascimentos são realizados por cesárea, taxa muito superior aos 15% indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Lela diz que se sente agradecida pelas mulheres que aceitaram compartilhar seus relatos de parto com o mundo. “É muita generosidade quando uma mãe compartilha seu relato de parto e as fotos desse momento tão íntimo.”
Um dos relatos é de Fernanda de Carvalho, que teve Tom em setembro de 2016, com 40 semanas e três dias de gestação, em um parto domiciliar. Dois dias antes ela fez uma longa caminhada pelo bairro, foi a um churrasco, comeu baião de dois e pediu pela chegada do filho.
No dia seguinte, uma segunda-feira – a primeira da licença-maternidade – , ela fez uma caminhada para dar ‘uma forcinha’ para o filho nascer. Era 11h30 quando sua bolsa rompeu. À 1h de terça, contrações ficaram cada vez mais intensas e ritmadas.
Já na fase final, ela admite que pensou em desistir. “O temido e aguardado expulsivo tinha começado. Pensei em desistir, mas sabia que faltava pouco. Na minha cabeça só havia um pensamento: você sabe nascer e eu sei parir”, escreveu Fernanda.
Tom nasceu às 5h40, pesando 3,185 kg e medindo 48,5 cm (leia o relato completo de Fernanda).
Os relatos de parto colhidos por Lela podem ser lidos aqui.