A CPI do BNDES iniciou na terça-feira (11/8) seus trabalhos com uma operação de blindagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma frustrada tentativa de estender as investigações do banco de fomento para o período do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Em contraponto aos requerimentos de convocação de Lula, seu filho Fábio Luís, e empresários ligados ao petista, como Marcelo Odebrecht e Eike Batista, apresentados na semana passada logo após a abertura da CPI, o relator, deputado José Rocha (PR-BA), tentou retroagir a investigação para a gestão FHC, mesmo com o objeto da CPI ser apurar supostas irregularidades em contratos de financiamento do banco de fomento entre 2003 e 2015.
A proposta foi imediatamente questionada pelo deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO). O tucano argumentou que os pedidos transbordam o escopo da CPI. “Eleazar ficou no banco até janeiro de 2003 e pode ter assinado alguns empréstimos, mas Luiz Carlos Mendonça de Barros está fora do período de trabalho”, disse. A convocação foi defendida apenas pelo deputado petista Carlos Zarattini (SP).
A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) disse ver no pedido “uma certa politização”. “Não vejo outra intenção se não for trazer o governo de FHC à baila”, disse. O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) foi além e afirmou ser este o “início de uma possível desmoralização de uma CPI que está apenas iniciando”. Foi ele o autor do requerimento de retirada do nome de Mendonça de Barros do plano de trabalho do relator.
O requerimento foi aprovado e a convocação a Mendonça de Barros foi retirada do plano. No documento aprovado consta ainda proposta de requerimentos de convite ao ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, e convocações a ex-presidentes e diretores que ocuparam cargos no BNDES entre 2003 e 2015, entre eles o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Os requerimentos ainda serão apreciados pelos membros da comissão.