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segunda-feira, 23/12/24
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Governo do Estado estuda permitir que alunos do Ensino Médio escolham as disciplinas

Alunos aprovam ideia e especialistas pedem melhorias na estrutura e discussão com a sociedade.

O governo do Estado de São Paulo cogita alterar o currículo do Ensino Médio a partir do ano que vem e permitir que os alunos dos 2º e 3º anos escolham as disciplinas que querem estudar.

Como a proposta está em fase de discussão, ainda não se sabe se os estudantes terão algumas matérias obrigatórias e poderão selecionar outras optativas, como Teatro, Música e Matemática Financeira, ou se eles realmente vão montar suas próprias grades de estudo em sala de aula. Apesar de embrionário, o projeto já divide opiniões entre alunos e professores em Ribeirão Preto.

Patrick Mendes, 16 anos, cursa o 2º ano do Ensino Médio na escola estadual Cid de Oliveira Leite, no Jardim Paulista, zona Leste, e ficou animado com a possível mudança na estrutura de ensino. “Eu gostaria, porque teria a opção de focar nas matérias que eu vou ter na faculdade”, comenta.

Patrick vai tentar uma vaga em uma das principais faculdades de Direito do País e diz que, se pudesse escolher as disciplinas, elegeria Português, História, Sociologia, Filosofia e Geografia para estudar. “Acho que ajudaria na hora de prestar o vestibular”, observa.

O estudante entende que as matérias da área de Exatas, como Matemática, Física e Química, são importantes para o seu aprendizado, mas acredita que o conteúdo das disciplinas é muito aprofundado no Ensino Médio. “Eu preferia ter essas disciplinas de uma maneira mais básica. Tenho certeza que não vou usar muitas fórmulas que a gente vê na escola”, afirma.

Estrutura

Especialistas em educação ouvidos pelo A Cidade afirmam que, na teoria, a iniciativa é positiva. Eles alertam, entretanto, que a estrutura atual da rede não comportaria a mudança.

“As escolas precisam de espaços adequados, professores com melhor formação e reorganização das salas de aula”, ressalta Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

O professor da USP (Universidade de São Paulo), Reynaldo Fernandes, também diz que “do ponto de vista administrativo, a situação atual já está bastante complicada”.

Discussão

Daniel ainda observa que o governo estadual precisa apresentar à sociedade a proposta e discuti-la amplamente. “Acredito que a mudança, se vier a acontecer em 2016, será por meio de um projeto piloto, sem abranger a rede toda.”

Estudante aprova e pedagoga critica a ideia

O estudante Gabriel Santos, 16 anos, também aprova um novo modelo de currículo. “A gente se dá bem com algumas matérias e, as outras, tem que aprender na marra. Acabamos decorando as coisas só para passar de ano e, depois, esquecemos”, destaca. Assim como Patrick, Gabriel escolheria Português, História e Filosofia para estudar. Para ele, as disciplinas de Exatas são importantes, mas não tanto quanto as de Humanas, que têm peso maior no vestibular para Direito. “Ajudaria no vestibular e seria bom para a faculdade”, opina.

Crítica

“Essa questão em pauta é muito grave e, certamente, o Ensino Médio da escola estadual ficará muito pior. Será que os idealizadores dessa proposta colocariam seus filhos em uma escola flexível assim? Possivelmente não”, pondera Cristina Pedroso, coordenadora do curso de Pedagogia da USP Ribeirão.

ANÁLISE
Da base à especialização

Todo sistema educacional do mundo, das séries iniciais ao doutorado, inicia com um programa comum que vai evoluindo para a especialização. Em que momento essa especialização deve começar a ocorrer, entretanto, ainda gera controvérsia. Nos Estados Unidos, por exemplo, as High Schools, que são semelhantes ao nosso Ensino Médio, permitem que os alunos elejam certas disciplinas. Elas possuem, entretanto, estruturas gigantescas, semelhantes aos nossos campi universitários. Como aplicar esse modelo no ensino estadual, principalmente nas escolas de cidades com poucos habitantes? Não podemos ter salas com apenas cinco alunos. Além disso, esse novo modelo poderá agravar ainda mais a administração das escolas, que já está em uma situação complicada. Sem saber ao certo quais são os caminhos que o governo estadual pretende seguir, não posso emitir uma opinião. Entretanto, sou favorável à possibilidade dos alunos escolherem certas disciplinas, desde que sejam opções acadêmicas.

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