Ao contrário do que se acreditava, a extinção em massa de 250 milhões de anos atrás não ocorreu com o aumento das temperaturas
Cientistas descobriram que a extinção em massa do Permiano-Triássico – também conhecida como a “Grande Matança” – aconteceu durante um breve período glacial, com quedas nas temperaturas, e não durante o aquecimento global que o sucedeu, como se pensava até então. Esses resultados, publicados na revista Scientific Reports nesta segunda-feira, põem em dúvida teorias científicas que se baseiam no crescimento da concentração de CO2 na atmosfera para justificar o aumento das temperaturas e, consequentemente, a extinção em massa.
O estudo foi coordenado por pesquisadores da Universidade de Genebra em parceria com especialistas da Universidade de Zurique, ambas na Suíça. Como afirma a Universidade de Genebra em comunicado, a descoberta “abre uma nova visão da história climática da Terra”, mostrando que um aquecimento climático não é suficiente para explicar as catástrofes ecológicas mundiais do passado. É a primeira vez que os diferentes períodos de uma extinção em massa foram precisados e que os cientistas avaliam o grande papel que desempenharam as erupções vulcânicas ligadas a este processo climático, disseram os especialistas.
Extinção em massa
A Terra experimentou várias extinções maciças ao longo de sua história. Uma das mais importantes aconteceu no limite entre os períodos Permiano e Triássico, há 250 milhões de anos. Nela, desapareceram mais de 95% das espécies marinhas e até agora os cientistas vincularam esta extinção a um aumento constante das temperaturas terrestres.
Porém, no estudo recém-publicado os pesquisadores determinaram que a “Grande Matança” aconteceu durante “um curto período glacial que precedeu o reaquecimento climático global”. Para isso, a equipe do professor Urs Schaltegger, da Universidade de Genebra, tratou de determinar a idade dos minerais nas cinzas vulcânicas, o que permite estabelecer uma cronologia exata e detalhada da evolução climática terrestre.
Era do gelo
Os pesquisadores trabalharam com a camada de sedimentos do rio Nanpanjiang, no sul da China, porque, ao estar “extremamente bem conservada, permite um estudo preciso da biodiversidade da história climática” dos períodos analisados. Ao datar as diferentes camadas de sedimentos, os especialistas se deram conta de que a extinção em massa no limite Permiano e Triássico está representada por uma “lacuna” ou um “vazio” de sedimentação, o que corresponde a um período de baixa do nível de água do mar.
“A única explicação a este fenômeno é que houve por ali gelo que armazenava a água e que esse período de glaciação, de uma duração de 80 mil anos, foi suficiente para eliminar as espécies marinhas”, indica a Universidade de Genebra. Os cientistas explicam “essa queda da temperatura global pela injeção estratosférica de grandes volumes de dióxido de enxofre que reduziu a intensidade da radiação solar”.
“Temos a prova de que as espécies desapareceram durante um período glacial e que isto foi causado pela atividade dos primeiros vulcões dos trapps (formações provocadas por inundações de basalto durante as erupções) siberianos”, afirmou Schaltegger. Esse período glacial esteve seguido pela formação de depósitos de cal contendo bactérias, o que significou o retorno da vida sobre a Terra a temperaturas mais moderadas.
“O período de reaquecimento climático intenso, ligado à formação de imensos volumes de basalto nos trapps siberianos, e que se achava até agora era o responsável da extinção de espécies marinhas, intervêm finalmente 500 mil anos depois do limite entre o Permiano e Triássico”, afirma a universidade.
Com EFE