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segunda-feira, 23/12/24
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Hamilton Mourão: ideologia de lado, pragmatismo acima de tudo

Em live no 1⁰ Fórum Digital de Empreendedorismo, vice-presidente diz que europeus não conhecem a Amazônia e que Bolsonaro busca conexões com outros poderes

Vice-presidente Hamilton Mourão faz teste para covid-19 (Romério Cunha/Flickr)

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, é adepto do pragmatismo. Em live realizada no 1⁰ Fórum Digital e Empreendedorismo, Mourão comentou os esforços do governo federal para convencer os investidores estrangeiros de que o Brasil está fazendo o dever de casa na preservação da Amazônia, apesar das fortes críticas sofridas pelo país nas últimas semanas.

Além disso, o vice-presidente defendeu os esforços recentes do presidente Jair Bolsonaro para atrair os partidos de centro e formar uma base parlamentar. “Para mim, presidencialismo de coalizão é pleonasmo”, disse o vice-presidente. “Sem coalizão o presidente não governa”.

Em sua avaliação, a estratégia de se relacionar com o Legislativo por meio de bancadas temáticas, adotada pelo governo no ano passado, não deu certo. Na virada do ano, Bolsonaro entendeu que precisaria formar uma aliança com o chamado “centrão”, grupo difuso que reúne partidos não alinhados com as forças dominantes no Congresso. A partir daí, as conexões começaram a fluir. “O presidente entendeu que parar no cercadinho para discutir abobrinha e tentar pautar a imprensa não leva a nada”, afirmou.

A Amazônia foi o tem de boa parte do debate, que contou com as presenças de Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça, e Claudia Papa Scarpa, vice-presidente da seguradora Generali. Segundo Mourão, a região amazônica deve ser compreendida a partir da sua enorme complexidade. Há uma falta crônica de infraestrutura, o que deixa boa parte do seu território sem integração com o restante do País.

“Os europeus não têm a dimensão disso”, afirmou o vice-presidente. “O nosso projeto inclui a repressão ao desmatamento. Mas só isso não basta. É preciso considerar o zoneamento ecológico, com a regularização fundiária, a infraestrutura e a bioeconomia”. Existem, atualmente, 120 mil propriedades não regularizadas na região, de acordo com Mourão. Sem a possibilidade de financiamento, esses fazendeiros optaram por atividades predatórias. Como resultado, a produtividade é muito baixa. “Na média, o Brasil coloca 8 ou 9 cabeças de gado por hectare de terra. Na Amazônia é uma cabeça por hectare”, afirmou.

EUA versus China

A eleição americana é outro ponto de atenção do vice-presidente. Ele considera a possibilidade de uma vitória do democrata Joe Biden em novembro, o que mudaria o enfoque da maior economia do mundo em relação ao Brasil. Mourão explicou que a ascensão da China, desde os anos 60, culminou com a atual ameaça à hegemonia americana por parte dos asiáticos. As consequências econômicas e geopolíticas desse processo é que levaram à eleição de Donald Trump.

Para o Brasil, o importante é estar bem com as duas potências. “Os Estados Unidos são os líderes do Ocidente, do qual fazemos parte. Temos uma alinhamento ideológico. Mas, a China é nosso maior parceiro comercial. Precisamos nos relacionar com um sem romper com o outro”, afirmou Mourão. “Ideologia de lado, pragmatismo acima de tudo”.

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