Governador Ibaneis Rocha anuncia linha de crédito de R$ 1 bilhão para o setor produtivo por meio do Banco de Brasília (BRB) e expande o decreto para as atividades em academias de ginástica e em museus, interrompidas por 15 dias
Subiu para 14 o número de infectados pelo coronavírus no Distrito Federal, segundo informativo divulgado pela Secretaria de Saúde ontem. Onze deles foram contabilizados no fim de semana. Outros 158 casos estão sob investigação e 82, descartados. Com o aumento do número de pessoas contaminadas pela doença, diversas atividades ficarão suspensas, em respeito ao decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) para conter os efeitos da pandemia na capital federal (leia O que abre e o que fecha) e R$ 1 bilhão devem ser liberados em linha de crédito do BRB para o setor produtivo. Nova norma, publicada ontem, expandiu as limitações às academias de ginástica e museus, que devem interromper as atividades durante 15 dias, a contar de hoje. Além disso, os cartões do Passe Livre Estudantil permanecerão bloqueados enquanto não houver aulas.
O próprio governador informou a disposição do banco de liberar o valor com o objetivo de reduzir impactos na economia diante das consequências dos decretos até agora editados pelo Executivo local. “Esse dinheiro será colocado em favor do comércio, de todos aqueles empreendedores para que possamos superar essa crise, com taxas reduzidas e com prazo de carência de até 6 meses nas operações”, destacou Ibaneis.
Amanhã, integrantes de entidades do setor produtivo têm reunião marcada com o secretário de Economia do DF, André Clemente, para avaliar os impactos na economia do Distrito Federal. Devem participar dirigentes da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), da Federação das Indústrias do DF (Fibra) e de sindicatos de empresas. O secretário vai detalhar as medidas definidas nos últimos dias.
Para combater o aumento nos preços dos insumos de combate ao coronavírus, como álcool em gel, luvas e máscaras, servidores do DF Legal e do Procon visitaram farmácias para fiscalizar o valor dos produtos. “Muito tem chegado no governo com relação ao aumento de preços nas farmácias. A atuação será reforçada. Está sendo fechado um termo de cooperação técnica para aumentar o efetivo e coibir abusos”, destacou o secretário de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), Gustavo Rocha. As medidas adotadas neste fim de semana, por meio do decreto, preveem punições caso haja abuso de poder econômico, como a alta dos preços sem justa causa.
O governador também anunciou que vai encaminhar hoje, à Câmara Legislativa do DF, um projeto de lei que estabelece alíquota de 7% para estes produtos — uma redução de 11 pontos percentuais em relação ao que é cobrado atualmente de ICMS para esses produtos. Pelo projeto, a diminuição valerá durante o tempo em que estiver em vigor a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que os países tomem cuidados com o novo coronavírus. “Esperamos que esse esforço seja percebido no preço nas prateleiras”, afirmou André Clemente.
Educação
Por conta da suspensão das aulas nas escolas por mais 15 dias, o Governo do Distrito Federal instituirá a Bolsa Alimentação Escolar Emergencial para atender a estudantes da rede pública nesse período. O valor será depositado no Cartão Material Escolar. O objetivo é compensar a falta da alimentação oferecida nas instituições de ensino durante os 15 dias. O decreto com a determinação foi publicado no Diário Oficial do DF de ontem. No total, 70 mil famílias de baixa renda receberão o benefício. O valor será distribuído em três faixas, de acordo com o número de refeições que o aluno tem feito na rede: R$ 59,70 (única refeição); R$ 119,40 (duas); e R$ 179,10 (três). Os cálculos foram feitos com base nos valores oferecidos pelo Programa da Merenda Escolar.
O GDF também bloqueou os cartões do Passe Livre Estudantil, enquanto as aulas estiverem suspensas. “Como o recesso foi antecipado nas escolas, estamos suspendendo a operação do passe. Para quem realiza estágio remunerado, retornaremos amanhã”, afirmou o governador Ibaneis Rocha.
“Estamos atuando em todas as áreas e atendendo a população desde a entrada na cidade, até o momento da finalização dos exames. Isso (as medidas) é para tranquilizar. Todo o país está passando por uma dificuldade de atendimento dessa doença, mas temos consciência e, nos ajudando, conseguiremos voltar à normalidade em poucos dias”, frisou Ibaneis, ao comentar a extensão das medidas de prevenção às atividades das academias de ginástica e museus, por um período.
Balanço
Ainda não há notificações de contaminação comunitária em Brasília — infecção entre pessoas da mesma localidade. Todos os registros são procedentes de viagens internacionais. Nos seis novos casos confirmados ontem, quatro são de pessoas que retornaram da Europa, e dois, dos Estados Unidos. Um deles é o chefe do Cerimonial do Ministério das Relações Exteriores, o ministro Alan Coelho de Sellos, 53 anos. Ele retornou da Europa e testou positivo para a doença, após coleta domiciliar.
A primeira confirmação de Covid-19 no DF foi registrada em 8 de março. A paciente, uma mulher de 52 anos, está internada em estado grave desde então. Ela segue sedada e em isolamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), segundo o boletim médico da Secretaria de Saúde. Apresenta síndrome respiratória aguda severa e, de acordo com a pasta, tem comorbidades que agravam o quadro clínico. Ela e o marido — segundo caso confirmado — foram diagnosticados com o vírus após retornarem de uma viagem pelo Reino Unido e pela Suíça.
Na comitiva do presidente Bolsonaro, já são quatro casos: o ministro Alan Sellos; o secretário-adjunto de Comunicação da presidência, Samy Liberman; o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten; e a advogada Karina Kufa. Além desses, o senador Nelson Trad (PSD-MS); um argentino, de 51 anos, que esteve na Inglaterra e na Dinamarca; e um brasiliense, de 46 anos, que esteve na França, estão entre os infectados.