O ato foi organizado para comemorar o primeiro aniversário dos protestos que eclodiram no ano passado contra a desigualdade no Chile
Milhares de manifestantes se reuniram na Praça Itália, no centro de Santiago, neste domingo, 18, para uma manifestação que acabou em confronto e vandalismo. O ato foi organizado para comemorar o primeiro aniversário dos protestos que eclodiram no ano passado contra a desigualdade no Chile.
Depois de um início pacífico durante a manhã, à tarde tiveram início atos de violência, incluindo um confronto entre jovens torcedores do Colo Colo e da Universidad de Chile e depois entre manifestantes encapuzados e policiais. Relatos da mídia local falam em cinco pessoas detidas e 18 policiais feridos.
Um grupo de manifestantes colocou fogo em duas igrejas de Santiago. O primeiro santuário a queimar foi a igreja de São Francisco de Borja, usada regularmente pela polícia dos Carabineros para cerimônias institucionais. Horas depois foi a igreja de Assunção, uma das mais antigas da capital, com mais de um século e meio de idade.
O ato ocorreu a uma semana da realização de um plebiscito histórico para mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que não consagra direitos sociais como educação, saúde e previdência.
A Praça Itália, epicentro das manifestações de 2019, amanheceu vigiada por carabineros (a polícia militar chilena) e carros blindados. Grupos de manifestantes chegaram cedo, agitando bandeiras, pulando e gritando slogans a favor de uma mobilização para a realização de reformas sociais. No fim da tarde, a polícia estimou o número de manifestantes em 25 mil.
Havia grande expectativa no país para a forma como essa manifestação terminaria, já que ela havia sido marcada para uma semana antes da votação do plebiscito constitucional histórico. A grande maioria da população defendia uma manifestação pacífica e sem excessos, segundo várias pesquisas.
Apesar de a maioria da população defender uma comemoração pacífica, havia o temor de que se repetissem os eventos de 18 de outubro de 2019, quando os protestos começaram, inicialmente motivados pelo aumento da passagem do metrô de Santiago. Aquele dia, que começou com um movimento de estudantes secundaristas que pulavam as catracas do metrô, terminou em confrontos generalizados, com uma dúzia de estações queimadas, edifícios atacados, pilhagem de lojas e violentos confrontos com a polícia.
Na época, o presidente Sebastián Piñera chegou a decretar estado de exceção e pôr a segurança pública nas mãos dos militares pela primeira vez depois do fim da ditadura, mas revogou a medida pouco mais de uma semana depois.
O protesto deste domingo foi menor do que os do ano passado, mas o maior desde que a pandemia da covid-19 chegou ao país, em março, levando o governo a decretar sucessivas quarentenas na capital e em outras cidades chilenas (Com agências internacionais).