De acordo com deputados de oposição das Ilhas Faroé, o mecanismo atual, que permite o restabelecimento de um radar da era da Guerra Fria e para o qual o parlamento local não foi consultado, pode ter consequências negativas para a população.
Nos últimos meses, o governo dinamarquês tem vindo a pressionar as Ilhas Faroé, que fazem parte da Dinamarca, a aceitarem um novo e moderno radar de alerta aéreo.
Está previsto que o radar seja colocado no mesmo cume de montanha perto da cidade de Thorshavn onde estava situado um antigo radar da Guerra Fria, desativado em 2007.
Embora as notícias sobre a instalação do radar tenham provocado protestos nas Ilhas Faroé, o governo dinamarquês diz que a suposta ameaça da Rússia torna necessário intensificar a vigilância, citando tanto o conflito na Ucrânia como as tensões no Ártico.
“Desde que o antigo radar foi desativado houve uma lacuna no monitoramento do Atlântico Norte […] Naquela época, era uma peça importante no sistema de alerta da OTAN. Por isso, nos últimos anos, a OTAN tem pressionado a Dinamarca a construir um novo radar de alerta aéreo” explicou à TV2 o analista militar Hans Peter Michaelsen.
Para esse efeito foram alocados no total US$ 56 milhões (cerca de R$ 273 milhões). O aparelho é semelhante a outras instalações que atualmente monitoram o Atlântico Norte a partir da Islândia e das Ilhas Shetland. O referido radar terá um alcance de até 400 km.
Hogni Hoydal, ex-vice-primeiro-ministro e líder do partido republicano pró-independência, tem receio de que, com o sistema de radar, as Ilhas Faroé possam se tornar um alvo militar em caso de conflito.
“Queremos que as Ilhas Faroé sejam uma área pacífica, sem tensões militares, e receio que a Rússia encare esse radar como um ato hostil e que, basicamente, faça de nós um alvo”, disse Hoydal.
De acordo com Michaelsen, se a Suécia e a Finlândia forem aceites, todo o mar Báltico será cercado por países aliados, que colocarão uma maior ênfase nas rotas no norte da Escandinávia.